sexta-feira, 27 de março de 2009

BOCA QUE BEIJA

Lábios rosados
Lingua molhada
Tocou o clitóris.


v.m.paes

quinta-feira, 19 de março de 2009

MANUAL DE ARITMÉTICA - primeira lição.




v.m.paes

Disseram

Não há nada mais exato que matemática

Ciência da sapiência faminta

Mais constante que qualquer gramática

Ou não.

Dois mais dois é quatro

Dois a dois elevado é quatro

Dois por si multiplicado também é quatro

Porém mais dois menos dois é zero

Nascem dois, morrem dois também é zero...

Afinal, morte? É somar ou zerar?

E se eu somar zero mais zero? Tem que ser zero, ou pode ser dois?

Zero...

Número infinito, sem sentido e significado

Que começa onde termina

Como se não tivesse ainda acabado

Número sem lados, nem redondo nem quadrado

O diâmetro nem sempre é o dobro do raio

Uma reta secante cortando-o de ponta a ponta

Um triangulo eqüilátero de base vezes altura dividido por dois

...e isso? Também dá dois?

...pensamentos são nada mais que poesia.

terça-feira, 17 de março de 2009

O BANQUETE

v.m.paes


Sentaram em torno da mesa

A mãe velha fanática

O pai bigodudo e ateu

O filho pálido e cético

Comeram de pratos diferentes, frangos diferentes

Beberam de vinhos diferentes

E no final da noite morreram do mesmo veneno.


sábado, 14 de março de 2009

ODE

Andaram de braços dados, carregaram rosas
Ficaram nus, fizeram orgias, ousaram, fumaram
Pintaram as caras, derrubaram o imperador
Sentiam prazer em sonhar.
Os outros...
Mataram Herzog, prenderam Gabeira, vaiaram Caetano
Linda missa na Sé... lindo Tom Zé
Soy loco por ti América
Mas um pedaço dela morreu com Che
Trabalhadores eram a esquerda
Um navegante atrevido levou Lindonéia pra bossa nova
Lugar de muita gente talentosa, e hipócrita
Já passaram os cem mil
Os clarins da banda militar
Queimaram a floresta escondida, no meio da avenida
Debaixo da cama, Adeus Duprat

E agora o quê temos? Quem somos?
Pra onde iremos? Desistiram de sonhar?

Ainda não descobrimos quem são essas pessoas na sala de jantar.



terça-feira, 10 de março de 2009

SENTIMENTOS DA BAILARINA GORDA


v.m.paes


Doce demência moral
A bailarina gorda sempre chora no final
Por alguém que não se arrepende
Em ter ficado pra trás


Frascos pequenos cheios de fracasso
Sonhar não é para os fracos
Sobre alguém que você se arrepende
Ter deixado pra trás

Lesões por esforços repetitivos em tentar respirar
Sem abraços, sem braços pra mergulhar
O futuro sempre chega embrulhado no presente
Enquanto você se arrepende de esquecer o que ficou para trás.

quinta-feira, 5 de março de 2009

BLOQUEIO CRIATIVO

v.m.paes

...

...

outro cigarro!
...

...

...

outra garrafa de café!

...

...

...

sou o pedaço da noite que amanhece. Em branco.