segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Re-Civilização

Vivemos a era do aço
onde os corações são feitos de concreto
o tédio já virou rotina

e eu guardo todos os segredos do universo
no meu maço de cigarros

E a cidade se levanta, cedo
diante dos meus olhos, rente a tele-visão
um olhar teleguiado, pensamentos via satélite

e eu cada vez mais decadente,
mas, com estilo...

Dos orgasmos programados
e com prazo de validade
que movimentam a macro-economia da indústria da beleza
produzindo cada vez mais seios de plástico
aprisionando cada vez mais a alma

e eu continuo indecente
porém, um pouco mais introvertido

Vejo nas esquinas
as pessoas trocando os amigos repetidos
para aumentar a coleção
Um beijo, um abraço, um falso sorriso
um comentário maldoso sobre a vida alheia
um veneno que brota
da inveja e da sobriedade em demasia

e eu continuo louco
analisando meus passos no meio dessa multidão
pois o mundo é o meu divã

(também um pouco ausente)

(a meia luz, um fino e Júpiter Maçã. Pois, psicodelia é um estilo de vida, um estado de espírito)


Um dos maiores gênios da música mundial

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Três corações e as estrelas

Do mundo mudo que gira no mais profundo ventre da minh'alma
desgarra do meu corpo material e vai passeaar por todas as ruas da fria cidade
que na sua imensidão agora se faz tão pequena
perante o céu de novas cores, lindas e desconhecidas

E do amor, de duas estrelas inconsequentes, qual a lua foi cúmplice
surge uma nova estrela, de matiz singular e brilho único
Felicidade cria raízes, num futuro que se desenha, pleno
Onde a beleza da vida, do nascimento, se mistura com o céu
Onde agora bate em uníssono, três corações
Onde agora brilha em sincronia, o amor das estrelas

(o medo passou, agora a felicidade já não cabe)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pseudônimo

Éramos nós, trocando furiosas mordidas, a unha rasgava a carne. Naquela movimentação libidinosa, naqueles beijos com sabor de pecado, naquele suor com cheiro de paixão. Ela trepava como se o mundo fosse acabar no segundo seguinte, buscava furiosamente o prazer, espreitava o gozo, gemia cada vez mais alto. Sem perceber, me chamou pelo nome dele três vezes. Eu ignorei e continuei encenando.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Das viagens no tempo-espaço

6 de Setembro de 2018


Antes de mais nada, eu gostaria de dizer que não me chamo Vinícius, meus pais não são meus pais e toda minha vida é um disfarce, para todos os efeitos e para o bem da revolução tudo o que vou relatar aqui também nunca existiu.

Para que as coisas façam pouco mais de sentido, vou explicar o cenário físico, antropológico e político-social em que se situa o Brasil de 2018. O regime é fechado, só que desta vez não se trata de um governo militar, quem dita às regras é o sistema que conta com três frentes amplas. A primeira, é a soma dos poderes: executivo, legislativo e judiciário. São os responsáveis para que o sistema sempre funcione bem financeiramente, dividindo a sociedade em classes, de forma desigual e injusta. A segunda se chama indústria do entretenimento, ela serve para iludir a sociedade, fazendo com que ela não perceba que está sendo oprimida e aceite a organização social imposta pela primeira frente. A terceira e a mais importante delas é a que chamamos de indústria da informação, é ela quem decide o que vai ser dito, quem vai ser eleito, quem pode viver e quem deve morrer, e faz tudo isso através da população. O que não muda desta ditadura pra anterior são os companheiros sendo torturados, os ídolos e as bandeiras que defendemos, os pensamentos sendo manipulados e a mídia encobrindo todos esses fatos.

Uma ditadura mais organizada e inteligente como essa em que vivemos hoje, precisa de uma revolução mais organizada e inteligente. Nos estruturamos da seguinte forma, são quatro grupos hierárquicos diferentes. Os idealizadores, que são os pensadores, na maioria todos mais velhos e que tem certa intimidade com revoluções, são eles quem definem os passos a serem dados e suas identidades são um mistério que nem mesmo nós, da revolução, sabemos. O segundo grupo, nós chamamos, criadores, a função deles é simplesmente procriar, moldar mentes e nos dar novas identidades e sustento até estarmos pronto para a revolução, são eles nossos pais. O terceiro grupo, do qual faço parte, chama-se batedores de carteira, somos nós quem combatemos de verdade a ditadura, raramente pegamos em armas, nossa missão é se infiltrar no sistema, colher informações, refletir, questionar e tentar entende-lo, quando chegamos num certo ponto da vida deixamos de ser batedores e nos tornamos criadores. O último grupo são o que chamamos de isca, são eles em sua maioria criminosos, eles são responsáveis pela luta armada, por tentar desestabilizar o sistema enquanto nós nos empenhamos em remover as peças fundamentais que sustentam essa estrutura desigual e opressiva. Com exceção dos idealizadores, os outros grupos se organizam de forma simples. Os criadores procriam, registram a criança com um nome e criam ela com outro, documentos adulterados. Nunca sabemos o nosso verdadeiro nome, poucas vezes sabemos ao exato a nossa verdadeira idade, nos alimentam a vida inteira com preceitos comunistas, filosofia e física quântica, quando atingimos a maior idade somos designados a um dos grupos e nunca mais voltamos a vê-los.

Sendo assim, para todos os efeitos e para o bem da revolução o meu nome é Vinícius, os meus pais são os meus pais, e a minha vida é real.

domingo, 6 de setembro de 2009

Poesia boa
faz a cabeça
até em papel de pão

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Dos falsos prazeres

Havia sangue no espelho
de procedência duvidosa
num aglomerado de indecência
o jornal anunciou a nova tendência da ciência
se aliando aos novos padrões da moda
e ditando as novas regras da beleza

eu ignorei e continuei me masturbando
idealizando minha imagem, travestido
onde me comia e me chupava
gozava e cuspia, maldita porra amarga
não faz mal, no fim a luz sempre apaga

ainda há sangue no espelho.