sábado, 31 de outubro de 2009

Épico de noites escuras

das minhas incursões espirítuais e dos lados escuros de minha alma

Nos atalhos quietos
dos perdidos nos caminhos da minha ilusão
sempre pertos, do fim da noite e da madrugada chegando
pode-se sentir o cheiro doce da uma noite a mais que pude passar em claro
(aroma feito dama-da-noite)

O picadeiro da imensidão plana, por completo ilumina-se
e o erótico show, das estrelas nuas e tímidas, finalmente começa,
tambores e espíritos, de terreiros, olhares sorrateiros e julgamento...
daquele que criou a maçã...

Então, outrora, clamei pelos sorrisos da lua
agora, posto em pé, rente e, todos os membros do meu corpo, ereto
procuro o canto mais escuro deste teu corpo claro
pra consumar e purificar com pecado o ar da noite

Para adaptar as leis e as criaturas do escuro
para transformar todas corujas em morcegos
para que no cálice o sangue seja, o elixir principal

Para que todo o tempo passe
e que todas as nossas mil faces sejam iguais

Porém, nem o mundo e os seus impasses
será incapaz de ofuscar o brilho das almas
nem o tempo e seu andar disforme
será capaz de nos impedir de rejuvenescer

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Épico metafísico

A vida que se erguia, esguia
Esquiva-se dos olhares duros da Monalisa
A vida poderia parafrasear versos de tempo
Um brinde dos copos cheios de segundos
Ao declínio do império dos metazoários
Sobre as cabeças, um universo
uma lona bicolorida
para um espetáculo incolor

A vida caberia, só, apenas para delimitar os sentidos
fronteiras de palavras, risadas sem sabor
Edifícios de duas cabeças germinam na terra
Onde cabe eu e meus átomos
(numa explosão de prótons e elétrons)
Uma bomba disfarçada de coração
Todos os deuses estão no cio
Todos os loucos estão sóbrios
Frugalidade, brutalidade, insanidade
Há gatos no telhado, rato nos quintais
Parasitas invadindo meu corpo
Adentrando furtivamente através de meu ânus
(cobrando taxas de anuidades)
E assim, seguimos
amortizando o amor
dopados pelo calor do tédio

sábado, 24 de outubro de 2009

Eu passo, por entre seus passos enquanto a tarde passa em mim
Enquanto isso morro por te querer
Por quanto espero você?

Eu faço, me refaço, rasgo a carne e acho graça
Enquanto isso, meu egoísmo se apresenta pra mim
(Prazer amigo, senta aqui comigo e aceite um cigarro, faça parte do meu vazio, se quiser pode me comer agora)

Em minha cabeça eu bato, me retiro, pra tentar enteder
Tudo isso é um desperdício de felicidade
Enquanto isso, me deleito com a cidade e suas estátuas machadas de sangue

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Paranóias de antemanhã

Perdoe-me
Por acreditar demais em mim
Por flertar com os mistérios do mundo
Por me procurar nos lugares onde sei que nunca estou
Por achar que sou aquele que não sou

Perdoe-me
Pelas manhãs que acordo angustiado
Por estar sempre parado enquanto o mundo inteiro dança
Por estar sem voz quando deseja me ouvir
Por estar com pressa quando o tempo atrasa
Por querer me despir pra despistar o tédio

Perdoe-me
Por alimentar incessantemente o meu desejo
Por sempre acreditar em meus sonhos
Por esperar, sem saber esperar
Por acordar, sem querer acordar
Por não poder dormir

Perdoe-me, espelho
Por eu ser assim tão feio
Tão transparente, tão incompreensivo
Por eu não saber me pintar, mesmo com todas essas cores

Perdoe-me,
Por eu não sabe me perdoar

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pensamentos insolúveis

Esses pensamentos insolúveis
que dissolvem minha mente
alimentam minha angústia

E eu, tão dependente
do teu corpo, cor e beijo
me escondo no emaranhado dos seus cabelos

Ao acordar, tão tarde
um desespero misto de receio
e minha insegurança me assassina
com cinco facadas no coração

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Saturnálias da alma

1- Da incessante procura


Fatigado, ele amaldiçoa o sol
Enquanto repousa na sombra
Sob a frondosa copa de uma árvore

O cansaço da procura nítido nas olheiras,
O frescor e a comodidade daquele repouso
Fez com que ele ignorasse o fato
Que sem luz não há sombra

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Fotografia



Deixe-me dizer,
Sobre teus seios fartos
tocá-los com meus lábios
fazer leito no acalento de teus braços
Deixe-me entrar na casa da sua alma e fazer morada
Dos teus beijos meu abrigo
Do teu sexo minha perdição
Deixe-me olhar pela janela dos teus olhos
admirar teu céu de noites perfumadas e sem juízo
acariciá-lo suavemente com meus dedos
Deixe-me ser o teu maior empecilho
e também, sua mais simples solução
o teu paradoxo, o teu avesso, tua outra versão
Preciso me embriagar com teu sorriso
fazer da sua companhia, a minha mais doce solidão
E pelo resto da minha vida
Deixe-me dizer: te amo


(na vitrola, Mombojó)

sábado, 3 de outubro de 2009

Traz pra perto teu cais, pra eu poder ancorar o meu corpo no teu...

É estranho...
Minhas viagens, pela linha do horizonte, parecem que já não me levam mais a lugar algum
Um lugar comum para nós
seres incomuns, aprendendo uma nova forma de se comunicar

Levanto voo...
Abro portas, revelo segredos
(percepção aguçada)
minhas viagens começam no seu espelho
um clima ácido, úmido, colorido e revelador
típico de primavera
E, por favor, me espera
pois, logo mais, irei aterrar
no seu colo, entre suas pernas
A minha linha do horizonte é o limite do seu mar.




(A madrugada sempre foi minha melhor amiga, suporta meus distúrbios de personalidade sem se incomodar e não dorme enquanto eu não dormir. Hoje, bati um longo papo com Aldous Huxley )