sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Despertar

Hoje eu acordei,
todo cagado.
cagando pro mundo
cagando pra você
e, também, todo cagado

Não ligo pro lençol sujo de merda,
nem pra esse mundo de merda,
nem pra sua cara de merda.

Hoje,
eu acordei todo cagado
e, provavelmente, amanhã
eu acorde também.
(se não fosse todo esse álcool)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Movimentos do útero - (poesia visual)




Hoje, não há poesia nem nada. Quero apenas descrever uma das sensações mais gostosas que já provei. A paternidade, que dia desses me arrepiou de tanta alegria.
Meu Bento, que ganha forma dentro do útero de sua mãe, havia passado o dia inteiro sem um movimento sequer, sem chutar, sem mexer, sem nada. Então, foi quando eu aproximei meu rosto da sua casa temporária, beijei, falei, até cantei pra ele, que ele começou a se movimentar, a chutar. Como se soubesse que era o pai dele que ali de fora dizia coisas bobas. Como se ele pudesse ouvir e entender que aquela voz era a minha, como se tudo aquilo que eu dizia fizesse sentido, como se já pudesse sentir meus beijos e meu abraço protetor. Uma forma de comunicação transcendental. Talvez tenha sido só a natureza agindo, afinal fetos são fetos. Mas, é impossível dizer que não fui tomado, de surpresa, por um sentimento bom que até então não havia experimentado. Meu menino que nem nasceu ainda, mas já me enche de alegria.


ps: o título dessa postagem, foi inspirado numa postagem do blog Bate-bola, do jornalista Rodrigo Piscitelli, intitulada 'um poema visual'.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

UM POEMINHA DE MERDA

O sono
com sonhos cheirando a vômito
Numa banheira de álcool
Dou aquela cagada, embalada a vácuo
mergulho dentro da minha privada
e nado, até chegar o mar...
posso ver uma ilha, ao horizonte
Uma ilha feita de merda. Merda de todos os habitantes do planeta
Ao chegar, me atiro no chão e rolo, de um lado para o outro
Passo merda no cabelo, na boca, nos olhos, no pau
Levanto com minha cara de cu
e meu sorriso cor de bosta

Por fim,
Caminho por entre a multidão
E, facilmente, camuflo-me
(mal dá pra notar a diferença)
e aquele fedor, era pra mim, agradável
cheiro de gente.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

UM POEMA DE 'EU TE AMO'

Estou aqui, me encontrando na floresta de espinho de meus pensamentos
aos goles d'água e os bocados de salame apimentado com mostarda escura
pensando se seria moral e sensato, nesse momento, abrir uma garrafa de vinho
enquanto me arrependo em não ter comprado cervejas

Penso na cura do câncer do mundo e,
também, apaixonado, penso na maravilha que é saber que na imensidão da nossa cama
você descansa, bêbada de amor, num sono sereno e profundo

Penso nos nossos prazeres e nos nossos pecados
nas aventuras e desventuras de nossas almas em meio às cores
na ameaça letal e na guerra que travamos contra o tempo

Nos nossos dias, completamente apaixonados
e nos abraços, nus e apertados
nos nós de nossas pernas, nos laços de nossos braços
no sexo dos nossos membros

Sinto vontade de, com minhas mãos, apertar o teu pescoço
te libertar, com a nossa libido libertina
te sufocar até faltar ar
Em seguida, te beijar e sentir o amor correr, pelo teu gélido corpo

Vontade de te esquartejar, membro a membro
na imensidão da nossa cama, me pintar com cada gota do teu sangue
Com o teu clitóris, ornar um belo colar
para carregar, pendurado em meu pescoço, próximo ao meu coração, o teu pedaço
mais sensível, mais bonito, mais intenso, mais cultuado
a representação perfeita da sua essência
Ocasionalmente coloco-o em minha boca, dou-lhe uma pequena mordiscada
para sentir o sabor do teu gozo

Com teus olhos,
serenos, sinceros, singelos
negros, com uma camada policrômica,
ataviar um belo par de brincos
furá-los em minhas orelhas
Com tua pele me vestir
num belo vestido de tom claro
com seios grandes, redondos e empinados
com cheiro de amêndoas e um tacto suave
Seus lábios, agora serão meus lábios
para que sua saliva seja pra sempre minha saliva
para que meu beijo seja para sempre teu beijo
para que minhas palavras se misturem com as suas
e façamos, em uníssono, um belo verso
num lego de fonemas

Então,
corro até o espelho e me olho
me vejo lindo, travestido de você
Sento a mesa,
sirvo, teu coração, num prato, temperado com ervas e porra
como-a até o último pedaço

Por fim,
tomo um suco de seu suor misturado a vitríolo
adoçado com seus dejetos
Para morrer
a tua imagem e semelhança
ensandecido, sorrindo e apaixonado.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A MULHER DOS MEUS SONHOS

Louca, seios fartos e um rabo enorme
Dança pra mim sobre a cama
A calcinha, pequena, enterra-se nas carnes
Cansa-se e cai de boca no meu pau
Chupa, como se o ato desse mais prazer pra ela do que pra mim
Me beija, como se eu fosse o teu primeiro e único homem
Sobre mim, senta e dança
Vira, revira os olhos
Grita
Bate, arranha
Tece teias em meu corpo
Feito aranha
Posta-se de quatro e me envolve no teu veneno
Na tua face jorro, quente, o meu sêmen
Ela gosta e engole, planta em mim uma semente

Pouco depois acordo, só, na cama imensa com os lençóis molhados de porra.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

ALGUMAS COISAS QUE EU NÃO GOSTO

Abri outra cerveja, nas minhas incursões pelas madrugadas

Cansado de ter que pensar tanto sobre todas as coisas do mundo

A vida é realmente um negócio chato

Ela foi feita pra ser chata e monótona

E não me venham com esse papo de viajar e conhecer o mundo e se aventurar

A vida vai continuar sendo uma merda, pois ela foi feita pra ser assim

A diferença é que vai ser uma merda com cheiro e textura diferentes, mas, ainda assim, uma merda

E não importa se você ama, casa-se, constrói um lar e tudo o mais

A vida é uma merda e ponto

E não, não estou pensando em suicídio e nem entrando em depressão, aliás, eu adoro essa merda de vida e viveria ela inteira novamente, do mesmo jeito

Adoro a monotonia do amor, adoro vomitar as tripas de tão bêbado, adoro pensar que o cigarro destrói meus pulmões, adoro os olhares me recriminando pelas minhas roupas sujas e esfoladas, adoro todo o resto que faz da vida uma merda...

Só não gosto de hipocrisia, ganância e egoísmo, coisas que fazem essa merda feder demais

Sabe, não gosto de pessoas fúteis, idiotas e burras



Não gosto de quem não gosta de jazz, não gosto de quem não sabe sobre a importância da filosofia, não gosto de pessoas-etiquetas, não gosto de fanáticos e de mais alguns pares de coisas

Não gosto de pessoas que fazem intercambio para os Estados Unidos, para jogar dinheiro fora, procurar emprego, ou simplesmente se aventurar

Vai viajar pro Camboja, lá sim você vai ter uma grande experiência do que é a vida

Caso o contrário metam seu dinheiro, sua passagem, sua experiência e sua vida, no olho do cu

Não gosto de pessoas que fazem academia, tanto aqueles que são escravos da ditadura da beleza, como aquelas senhoras que querem impedir que os maridos trepem com as secretárias, a elas um aviso: Desistam, as secretárias são sempre mais gostosas

Não gosto de quem não bebe, são chatos, sem graça e geralmente não dizem nada útil e agradável, deveriam ficar em casa tomando seu chocolate quente e assistindo a novela ao invés de irem pro bar e reclamarem da fumaça do meu cigarro

Também não gosto de quem gosta de quem não bebe, são quase a mesma coisa



Não gosto de ‘baladas’ e de quem vai pra ‘baladas’, ficam dançando e suando e se esfregando uns nos outros

Não gosto de pombas, são nojentas e transmitem doenças, não gosto de baratas, são como as pombas, porém mais nojentas

Não gosto de igrejas, gosto menos ainda dos testemunhos de Jeová, bando de filhos da puta, acordam às cinco da manhã no sábado pra vir pregar na porta da minha casa, quando estou deleitando na minha ressaca

Não gosto dos filmes do Tim Burton, acho ele um grande imbecil, também não gosto dos filmes do Spilberg, acho ele outro grande imbecil

Não gosto dessas novas modas pseudo-cult, que só por que vêem filmes iraquianos, lêem um pouco de Kafka, usam roupas listradas e deixam de comer carne, se acham a supremacia da espécie, eles me dão nojo e reviram todo o meu estomago

Não gosto de vegans, vegetarianos e de sociedades defensoras de animais, bando de bundões hipócritas, ninguém tá nem aí pro efeito estufa, ou pros mundrungos, ou pras putas, ou para aqueles que morrem de fome, ou para todo o resto dessa podridão, mas salvar as vacas todos querem, pro inferno bando de bastardos

Não gosto de música ruim, isso inclui toda a produção da indústria cultural

Não gosto da linha editorial do Estadão, não gosto de ler a Veja e não gosto do Jornal Nacional

Não gosto de vinho suave, nem de uísque, nem dessas novas marcas de cervejas que estão aparecendo

Não gosto de mais um milhão de coisas que, aqui, não citei...

E, provavelmente eu também não goste de você