sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O JARDIM DA EXPERIÊNCIA

O jardim da experiência é meu mais novo passatempo. Compondo canções, gravando-as com o software de gravação mais precário que eu conheço, inventando instrumentos, cantando desafinado, tocando errado... e fazendo tudo fora de tempo e compasso, ou seja sou um desocupado sem tenho porra nenhuma pra fazer.

Sem nenhuma vergonha na cara, apresento-lhes minha mais recente criação: Jardim da consciência. Nela, além do violão, utilizo de sacolas plásticas e um simulador de efeitos.




JARDIM DA CONSCIÊNCIA

Já ouço meu corpo
se desculpando com o tempo
já não peço licença
pra fechar os olhos e deitar no vazio
compro novos sapatos
fumo do mesmo cigarro
assisto a degradação
do ambiente cinza que me ronda
e da natureza morta do meu intestino

Mal nasceram as rugas
e eu já cheiro a mofo
um drops de naftalina
pra eliminar meu hálito fecal
para trancar meu cérebro
na gaveta do espaço

Estou cantando no vácuo
um teste gravitacional
de idéias e de pensamentos enrustidos
e quando me falta álcool
meu fogo apaga, a febre queima
e eu abro a porta de um bloqueio criativo

Eu pergunto as paredes
qual a graça e moral de toda essa existência?
tantas grades e muros
e a liberdade traz, no pulso, marcas de algemas
o futuro é fruto da imaginação
brota na primavera da televisão
e apodrece no jardim da consciência humana
o sol do submundo dispara um clarão
in vitro uma nova fertilização
abortando um tratado de idéias novas

Vinícius Paes

terça-feira, 24 de agosto de 2010

ESTÁTICA




Fique estática
Não caminhe em minha direção
Salte o muro e corra através do tempo
Não mova sequer um sorriso a mim
Contente-se com a cãibra do silêncio
Esqueça meus apelos, juras e, pormenores, carinhos
Nade suas braçadas solitárias
No vasto oceano da realidade
E em meio a toda essa agonia
Não ouse me olhar
Pois, hei de petrificá-la com meus olhos de Medusa
Aí, então
Seriam, nossas lágrimas, apenas chuva


Música: Minha Cara - Mart'nália

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Tô meio sumido, mas não morri, ainda. hahahaha.