Esse amargo em minha boca
é consequência do meu sangue sujo
e tão puro é o veneno que me faz acordar
nas horas que chego, vou...
Tem horas que penso não existir
acho que sou fruto da minha própria imaginação
Delinquente, entorpecente o cheiro
daquilo me faz ser o primeiro
e talvez o último dos que ficaram
Sempre levanto, quando não tenho nada pra dizer
e em silêncio sussuro pro espelho
e descubro enfim, que não sou o primeiro
menos ainda o último daqueles que já se foram
Enquanto meu corpo pede calma
minha alma tem pressa
de desfazer o que não foi feito
eu sou deus, eleito por demônios
para governar toda a insanidade humana
em meus devaneios
E aquilo que da terra veio
pra terra sempre há de voltar
e eu fico...
parado, pensando em todos os anos que passaram
me perguntando quem foi aquele que marcou as horas
num relógio de sol que sempre atrasa
Monta a sombra do passado
e o desejo de um futuro
que me faz embrulhar pro presente
a minha vergonha de existir
Então engole toda poeira
dos segundos que passam
e sem controvérsias peço mais um trago
do cigarro amassado que esqueci de fumar
Agora é a hora para sorrir
os loucos e aquilo que se fez puro
do nascimento até alguma forma de morte
onde o corpo ainda flutua
por entre os copos vazios
e suas longas histórias
Não sou o único
não sou o que quero
nem o que penso ser
não sou nada daquilo que se aproxima da perfeição
mas sei que ainda posso sorrir por alguém
e então, neste exato momento, esquecer toda dor
Mas esse silêncio
faz meus sonhos migrarem pra perto dos seus
e não adianta esconder
pois a saudade é real
a saudade é ideal
Não sou o orgulho
não sou a vaidade
sou a tristeza em conflito com a felicidade
Eu sou o doente que não quer se curar
eu sou tudo aquilo que não consigo segurar
eu sou um pouco do fogo
um pouco da água
um pouco do ar
Eu sou o mar
dizendo que estamos seguros
e que nada pode nos derrubar
4 comentários:
Agora é a hora para sorrir
(loucura daquilo que se fez puro)
Você é o único.
Você é o Vinícius, você é tudo aquilo daquela coisa toda. Não, não te leio apenas, te sinto, te beijo, te mordo, vejo nossos desvairos em fumaça, nossos risos, nosso estado de graça.
E por mais que eu queira te curar, sou veneno e poderia te matar, mas sei que seu organismo é pré-moldado, absorve. E adormece em meu seio, em meus apertos em meus meios.
Aplica na minha veia seringas de segurança, olhando a agulha entrar e o sangue escorrer, sorri (me cura) e depois me abraça.
Ei, Paes, quanta inspiração. Me lembrei de Raul Seixas, não sei por quê. Muito belo e forte seu poema, o conjunto todo nos leva a pensar em nós mesmos. Bravo! Beijo.
"Tem horas que penso não existir
acho que sou fruto da minha própria imaginação"
"eu sou deus, eleito por demônios
para governar toda a insanidade humana
em meus devaneios"
muito bom tudo isso aqui ,meu caro paes.
vc vai longe garoto!
amo esses teus romantismos sádicos e doces niilismos.
beijos pra ti, Anita Mendes
Q perfeição esse texto!!!
Uau
ainda estou em choque!
mas pra mim, a melhor parte:
"eu sou deus, eleito por demônios
para governar toda a insanidade humana
em meus devaneios"
Acho q me identifiquei!rs
Bjo Vinen e Parabéns!!
;)
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