terça-feira, 23 de novembro de 2010

Poema sem nome nº2

Estranha Criatura por Solange Venturi
Papai tem cancro duro
Mamãe tem gonorréia
então, cresci
achando que
mudar o mundo
era trepar
com camisinha.










Ps: A foto foi garimpada no blogue da artista plástica Solange Venturi, uma das mentes mais criativas da atualidade. Sua obra causa uma estranheza, uma perturbação visual, passear por todas as fotos do blogue é um desafio e, no final, deixa dentro do peito uma ligeira angústia. A admiração pela brutalidade e a genialidade da artista se mistura a uma inquietação constante. Um passeio que aconselho. Um dos melhores trabalhos que eu vi nos últimos tempos, se não o melhor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Poema sem nome n°1

FOTO POR NÁTALIN GUVEA
Sufoco do luto
um maluco
com coceira no cu
corre nu
pela praça
as bolas balançam
em cadência de sino
badala
na cabala
tira o cabaço da cadela
singela
mete no útero
bolinhas de silicone
depois lambe
e vomita 
idiossincrasia
do estranhamento conservador
surge o trivial
moralidade vulgar
das reflexões rasas
de peixinho de aquário
nasce a nova geração
meio homem
meio cão
a coceira no cu
virou câncer.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cheirinho de leite quente

Nata-
lin-da
pele de-
leite
do meu
café
fervendo
até
derramar
e queimar
com teu
cheiro
meus braços
com teu
gosto
minha língua                                                                   foto por Nátalin Guvea (flickr)
meu banquete matinal
marginal.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SEXTA-FEIRA

Sexta-feira corrida
o sol faz brasa no cobre das estátuas
eu, suando em bicas, com a pica toda melada
uma saudadizinha doce d'ocê
seis-freiras, caminham na praça
túnicas negras
matando qualquer pecado de calor
tão quente que o prazer do cigarro desaparece
a corrida pela sombra, hoje, fez dois mortos, um ferido
eu dou um chute na pomba
e rastejo no sol.