Este poema é, simplesmente, a reflexão das palavras de minha amiga, Anita Mendes do blog Serendepities, em mim. Um poema pra transmitir as sensações que as palavras dela causam em mim. Uma singela homenagem.
Minha vida foi marcada por porres, fodas, amor, música. Foi marcada pelo tempo, que deixei passar de propósito e depois lhe passei a perna. Marcada por encontros espirituais,questionamentos metafísicos.Minha vida, foi marcada por muita punheta, pela playboy da Claudia Ohana e pela minha vizinha gotosa, na adolescência. Mas, mais que tudo isso, os principais fatores da minha formação "homem",que seguirá até o resto dela, foram a literatura, a poesia, a filosofia, os jornais, os romances... principalmente a poesia e a filosofia. Nestas duas tive dois relacionamentos duradouros, onde entre um cigarro e outro, mergulhava nas páginas de dois grandes gênios de grandes bigodes: Nietzsche e Leminsk. Com o primeiro, foi um relacionamento amargo, solitário, caótico, quase suícida. Com o segundo havia mais beleza, nas coisas, porém um tanto de dor também, tipo fotografia p/b. Ainda sonho em ter bigodes e destreza como os dois, mas por enquanto deixo, hoje aqui publicado um dos meus poemas preferidos de Paulo, e outros aforismos de Fréd Niz
Sinfonia para pressa e presságio
Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Sôo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.
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"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te."
"Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti "
"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."
"Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar."
"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem."
Maldita essa minha soberba, eu, aqui, achando que sabia de tudo e que conhecia todos os artistas, úteis de se conhecer, quando me aparece o Sérgio Sampaio. Eu e o meu, ótimo, vício de sempre procurar coisas novas, com o auxílio dessa magnífica ferramenta moderna chamada internet, vasculhava o submundo artístico da web, quando, de repente, me deparo com um dos artistas mais brilhantes de todos os tempos: Sérgio Sampaio. Marginalizado (quem acompanha este blogue, sabe da minha paixão pelos marginais), maldito, o Sérgio Sampaio, lindo, o Sérgio Sampaio. Há algumas semanas atrás estava, eu, no youtube videando Cérebro Eletrônico, uma banda paulistana muito boa, que faz referências a Sérgio em suas músicas, quando desperta em mim uma curiosidade de saber, quem é esse tal de Sérgio Sampaio?
Meus amigos, preciso-lhes dizer, esse tal de Sérgio Sampaio é lindo, ah como ele é lindo, se eu já não fosse um homem casado, eu casaria com ele, treparia várias e várias noites com Sérgio Sampaio. Eu já tinha ouvido "A GRÃ ORDEM KAVERNISTA APRESENTA A SESSÃO DAS DEZ", intensamente e nunca quis saber quem diabos era Sérgio Sampaio, eu sou mesmo um idiota, um grande idiota. Eu nunca, repito meus amigos, nunca havia ouvido algo tão perfeito. Tomar contato com sua obra foi pra mim um dos maiores acontecimentos dos últimos tempos, e olha que tem acontecido muitas coisas na minha vida ultimamente. Dos Compatos aos Long Plays é tudo tão perfeito, o álbum "CRUEL" (2006), lançado, pós-morte, por Zeca Baleiro, é pra mim o melhor de todos eles, mas sem dúvida a melhor música é "Pobre meu pai", do disco "EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA" (1973), eu nunca ouvi nada tão belo e cristalino como essa canção; e, amigos, modéstias a parte, eu, com meus míseros vinte e um anos, conheço muita coisa, estudei toda a bossa, o samba, a tropicália, a marginália, o rock, o jazz, o blues, o clube da esquina, música contemporânea, vanguardista, clássica, tudo, e sim... existem coisas maravilhosas em tudo isso, mas não há nada que se compare a Sérgio Sampaio. Em nome de deus, Sérgio, me carregue e me pregue em sua cruz.
Lô, que até então era o maior compositor da música brasileira pra mim, perdeu seu trono pra Sérgio Sampaio. Raul, que ocupava a primeira posição entre os pensadores da música, perdeu o lugar para Sampaio. Todos eles perderam seus lugares, Sérgio Sampaio ocupa o primeiro lugar e tornou-se dono dos meus gostos, coração e ouvidos.
Enquanto eu, muito bêbado, e minha querida esposa, estudavamos a canção "Pobre meu pai", vinha em minha cabeça imagens, deciframos cada frase da poesia de Sampaio e ela tornou-se ainda mais bela, se é que isso é possível, eu juro que tentei por horas descrever essa análise aqui, neste texto, frase por frase, mas é um pecado, um grande pecado tentar explicar em palavra escrita a letra desta canção, espero haver oportunidade, um dia, de ouvir Sérgio Sampaio com vocês e cantar a tradução de cada frase, bêbado do jeito que Sérgio Sampaio gosta, e não ligar, nem chorar, nem brigar, pois a morte é certa, uma lição que Sérgio Sampaio, provavelmente, aprendeu com seu pobre, podre, doido, pai.
Desta vez, ao contrário das outras, não vou atirar pedras na nossa, inculta, sociedade por ignorarem a existência deste artistica completo, Sérgio Sampaio precisa ser assim, esquecido, marginalizado, difamado, afinal, se não fosse, não seria ele Sérgio Sampaio. E o triste de tudo isso, é isso tudo de tempo que demorei, eu, para conhecer sua obra, eu sou mesmo um grande idiota.
POBRE MEU PAI
Sérgio Sampaio
Pobre meu pai
Quatro punhos espalhados no ar
Oito olhos vigiando o quintal
E o meu coração de vidro
Se quebrou
Doido meu pai
Sete bocas mastigando o jantar
Sete loucos entre o bem e o mal
E o meu coração de vidro
Não parou de andar
Pobre meu pai
A marca no meu rosto
É do seu beijo fatal
O que eu levo no bolso
Você não sabe mais
E eu posso dormir tranqüilo
Amanhã, quem sabe?
Hoje, meu pai
Não é uma questão de ordem ou de moral
Eu sei que posso até brincar
O meu carnaval
Mas meu coração é outro
Simples, meu pai
Faça um samba enquanto o bicho não vem
Saia um pouco, ligue o rádio, meu bem
Não ligue, que a morte é certa
Não chore, que a morte é certa
Não brigue, que a morte é certa
E eu, que pouco choro, derramei lágrimas na primeira vez que videei.
Incompreendido, marginalizado, esquecido, gênio! Essas são palavras que definem bem o ser andrógeno que é Tom Zé. O baiano de Irará começou sua carreira nos lisérgicos anos 60, começou o movimento tropicalista ao lado de Gil e Caetano ou, melhor, fundou a tropicália, barco que Gil e Caetano embarcaram, tomaram o timão sorrateiramente e, logo em seguida, abandonaram.
Tom Zé é figura única e notável, sem dúvida um dos maiores gênios da música mundial, infelizmente deixado de lado pela “juventude-mod-non sense” que anda muito preocupada se procurando nas etiquetas e no vazio do próprio existir. Tom Zé é clássico e ao mesmo tempo vanguardista, o que faz com que os mais antigos o estranhem e, até mesmo, o desprezem. Pra mim, Tom Zé, é o maior exemplo de como a maioria dos brasileiros não conseguem apreciar nada do que é feito aqui, afinal, vivem sonhando o chamado “American Dream”.
Ontem, no momento em que quase adormecia rente a tevê, escuto o gordo sem graça, Jô Soares, anunciar a presença de Tom em seu programa, me remexo na cama para espantar o sono e ficar no aguardo da entrevista, enquanto o enfadonho Jornal da Globo passa na tela; e, amigos, preciso dizer-lhes o quanto valeu a pena.
O que se passava na tela era um espetáculo, Tom Zé, no auge de sua genialidade, dominava o palco, rolava pelo chão, regia sua banda e assustava a maioria dos presentes. Tom Zé explicava para confundir e confundia para esclarecer, se divertia diante da ignorância daqueles que não podiam entende-lo. Tom Zé confundiu até mesmo o apresentador do talk-show, o Jô estava com medo de falar, confuso, assustado, com a cuca fundida... do jeito que Tom Zé gosta de fazer. O fato é que Tom Zé não precisa de um entrevistador, Tom Zé, se preferir não precisa nem falar, Tom Zé não precisa de muita letra, nem de muito acorde, Tom Zé precisa apenas ficar em silêncio por alguns segundos que uma idéia nova e completamente original brota naquela, brilhante, cabeça que ainda está anos e anos e anos a frente de todas as outras que habitam esse humilde planeta.
Enquanto a entrevista, ou melhor a palestra que Tom ministrava, desenrolava-se na tela, o antológico ‘Estudando o Samba’, rolava na minha cabeça-vitrola e eu... sorria e sorria e sorria. No final da entrevista ele disse que se um dia fosse publicar algum de seus textos iria editá-los fora do país, pois aqui no Brasil “ninguém leva a sério o que Tom Zé diz”. Tom Zé ou ‘the father of experience’ como o chamam no exterior, deveria ficar feliz de não ser levado a sério e marginalizado pela massa que compõe nosso país, isso só mostra que o seu trabalho é genial. Afinal, ultimamente o que agrada a muitos não merece muita atenção dos poucos que ainda conseguem pensar com autonomia nesse país.
"O silêncio é o pai da idéia" - Tom Zé
Em tempo: Tom Zé acaba de lançar o disco/DVD: O Pirulito da Ciência, produzido por Charles Gavin e lançado pela Biscoito Fino.
Um das melhores aparições do gênio, é... no programa do Jô
Qual é o resultado dessa equação...
isso é uma soma ou uma subtração?
Sou péssimo em Matemática, portanto hoje fico por aqui...
buscando entender o que não pode ser entendido....
Afinal, morte é somar ou zerar?
O que eu sei sobre a morte é que ela é o sentido da vida, a única certeza. É aquilo que impulsiona as ações, vontades... a morte é o reflexo das ações, e sim, todos devem morrer algum dia. Só queria que todos morressem sorrindo e em paz.
Eu nasci há vinte anos atrás. Há vinte anos atrás, também, morre uma das mais influentes figuras da música nacional: Raul 'Rock' Seixas. O músico, o bruxo, o gênio, o maluco beleza. O Raulzito, que começou na Bahia ao lado dos Panteras, fazendo rock inglês com gosto de acarajé. O Raul, que ao lado do mago Paulo Coelho, escreveu Gitá, mais que uma poesia, uma profecia. O tolo que debochava da ditadura com seu ouro. O Seixas, que morreu para Marcelo Nova brilhar. Raul Seixas, um nome que vai além das canções e dos pensamentos avançados. Raul Seixas o gênio, o deus, um dos maiores homens que passaram pela Terra. Viva a sociedade alternativa, viva raul, pois o homem é a lei! Não morreu de overdose como morre um verdadeiro rock star, não cometeu o suicído, simplesmente viveu e alimentou seus anseios. Raul não morreu, pois como ele mesmo disse certa vez: "Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida". A humanidade agradece e deve muito a você Raul. Descanse em paz, pois o seu livro você já escreveu.
"Ninguem tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender." "Somos prisioneiros da vida e temos que suportá-la até que o último viaduto nos invada pela boca adentro e viaje eternamente em nossos corpos." "Eu não sou louco, é o mundo que não entende minha lucidez."