quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mimetismo

palavras de véspera de natal.

Se é verdade o que eles dizem, a Terra superaqueceu

Enquanto a lua chorava, lágrima por lágrima

Eu, descalço, jogava pedras na chuva

E as estrelas são sardas na pele do céu

Seu rosto é o norte dos meus sentidos

Meu barco, hoje bem menos solitário, naufraga na porta da sua vida

E todos fingem que não enxergam, com olhos secos e escamados

Dois corpos em queda-livre, mãos dadas

Velocidade dobrada, rumo ao Sentido Algum

Dado a beleza e perfeição, da natureza das coisas e dos mistérios da evolução

Hoje me faço novo, admirando todas as cores deste abismo, que alguns chamam de vida

Em nome da cor e do amor

Eu vejo milhões de balões pelo ar

E naquele abraço, recolho meus cacos e me reestruturo nesse formato você




neste natal, Cristo, crente que estava vivo, morreu...


Tirando toda a besteira do nascimento, o natal é sim, sem pormenores, uma data onde a paz e a plenitude das coisas começam a tomar formas e tudo fica mais calmo e sereno, assim é a vida amigos, uma constante evolução. Há pouco mais de um ano publiquei meu primeiro texto nesta plataforma digital e cheia de frescurinhas modernas, qual eu sou eternamente grato, por encontros que tal me proporcionou. Hoje, venho dar-lhes um abraço em forma de palavras e desejar-lhes um Bom Natal, com muito amor, paz, pessoas coloridas, bebidas, cigarros e outras coisas que seria politicamente incorreto dizer aqui. hahaha.

Boas festas e paciência com aqueles parentes chatos, infelizmente o sangue deles corre também em vocês. Blasfemem e gozem o máximo possível dessa/nesta data. Agarro meu amor e meu filho, num natal cheio de planos, marasmos e filosofias.

Enfim, boa bebedeira natalina! E ressaca é um estilo de vida.


Paz, amor e poesia a todos.


sábado, 12 de dezembro de 2009

Nem todas as rosas são rosas, mas ainda assim chamam-se rosas

E eu quero,
a minha nêga é faceira, dengosa e beijoqueira
olhos negros, nariz empinado, sorriso bonito
tem as pernas desviadas, um charme a mais
um andar engraçado, e o jeito que ela mexe com os braços
Ah, eu não canso de olhar
a minha nêga é branca, com cabelos bagunçado
um aglomerado de paradoxos, intrigante
elegante, excitante
ela guarda meu coração nas mãos
e eu me guardo ora nos seus cabelos, ora no seu corpo, ora no seu mundo
(entre seus rins)

Notícias de alto mar

Passou,
envelheceu, venceu, apodreceu
Há bolor por toda parte
Fatias de solidão
Migalhas de um coração, cheirando a mofo
Não vejo perigo em cogumelos radioativos
Num balanço, meus olhos mareados
No peito a estreiteza, onde morrem os receios

Estou só, a tua espera, em meu barco
Do mar o ponto mais alto
Onde nem mesmo as ondas ousam chegar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Épico das sombras

seguindo em aberto


O ar, pesado e fechado, das cidades muradas de prédios e pessoas cegas
Onde eu rodopio por entre os carros, dançando os ruídos do mundo
Num suspiro profundo, eu me jogo no abismo e acordo na minha cama
Hoje é um dia perfeito para deixar ir, e rir do que já foi
Um dia perfeito pra beijar e crescer, tornar alto e esconder
Suas filosofias num copo, suas angústias num cigarro
A imagem presa na retina, uma boca com três fileiras de dentes
devorando pequenos fetos e embriões, nos becos escuros
Rastejando pelos bueiros, dormindo nas latas de lixos
O sol queima, a chuva afoga
Há fogo em nossas praças, onde vampiros se alimentam de esperança
E se eu puder procurar em minhas lembranças, não me lembro de outro cenário
Homens e mulheres enfileirados, com movimentos automáticos e seus carros luxuosos
Duas carreiras de monóxido de carbono, para ficar ligado a noite inteira
Todas as árvores estão mortas, as noites em depressão, as luas cometeram suicídio
É tudo tão confuso, e a explicação pra isso tudo também é confusa
E lá estão eles, os loucos, a última esperança, se perdendo
Caminhando pelas ruas quebradas, suplicando por piedade
Nos muros de lamentação, que se estendem somente até o limite do seu quintal
Com os pés cortados pelas pedras da terra prometida
E as mãos, em torno do pescoço, asfixiando
Uma imagem sangrenta e cheia de venalidade
Mas, mesmo que eu possa abrir as gavetas da minha memória, não me recordo de outro cenário
Crianças enforcadas e penduradas num frigorífico
Vendendo os corações a quilo
Voltando lentamente, como se já não fosse tarde demais
Veneno e pecado na bebida de Cristo
Transformando água em vinho, vinho em sangue
Deus se contorcendo no chão, num ataque de epilepsia moral
Mas, isso é só mais um ponto de vista para mudar
Uma verdadeira intenção de se entregar para esses soluços
Num ato, de morte...
Nervos retorcidos, membros atrofiados, cérebro desfigurado, mente roubada.



Hoje, um dia perfeito, eu acordei revendo meus conceitos
Mudei de opinião ao meu respeito
Sem orgulho, sem aplausos, só o silêncio
Não sou louco, nunca fui, é o mundo que sempre esteve muito sóbrio
(Hoje mais que nunca)