sexta-feira, 29 de maio de 2009
Só penso em come-la
Sobre a loucura de sede
quero beber em ti cada gota de vida
Sobre todo esse frio
não sei bem o que dizer, mas logo passa
Toda essa minha loucura te assusta? Vezes ela me assusta também.
Mas estamos seguros nela... e isso é certo
Nada de receios, anseios, ou qualquer outra dúvida.
e que venha logo a chuva.
v.m.paes
quarta-feira, 27 de maio de 2009
CRIMIDÉIA
as pessoas também não
o bem e o mal são homogêneos
não adianta atravessar a história
ou apagar o passado
adianta menos ainda escolher um lado
as pessoas estão subindo nas costas umas das outras
todas essas marcas devem ter algum sentido
sonhar agora é proibido
(olha lá é uma corda num pescoço)
agora é pra dançar, gritar, explodir
é pra pegar fogo...
eu grito: "abaixo o grande irmão"
quando percebo as palavras já ultrapassaram o limite dos meus lábios
já tocaram os seus, e mudaram de forma
a 'cultura' é mercadoria no horário nobre
a informação cada vez mais desinforma
ah, maldita indústria do entretenimento
pão e circo... plásticos sorrisos.
acordo suado no meio da noite
(assustando, sonhando que caía)
inconscientemente um berro: "viva o grande irmão!"
de que adianta? Logo serei vaporizado
as pessoas mentem pra si mesmo, e acreditam nas mentiras, pra esquecer que estão mentindo
debaixo da frondosa castanheira
eu me vendi, tu me vendeste
é preciso abrir mão dos sonhos, o mundo pede compromisso, superficialidade
é preciso estar bem na vitrina
(aceita uma dose de vitríolo?)
é preciso se auto-afirmar diante dos outros, e fazer parte da sociedade...
no final um buraco na cabeça, um vácuo no peito, isso é ser humano
e o grande irmão adora come-los no jantar, recheados de um nada viscoso que faz saltarem os olhos
Afinal, quem são os loucos por aqui?
sábado, 23 de maio de 2009
HERMAFRODITA
Grandes e pequenos lábios
Clitóris, sêmen, bagos...
tudo numa fotografia em primeiro plano de um só corpo.
v.m.paes
sexta-feira, 22 de maio de 2009
CABARET
Estranhamente a mente apaga
Escorre pus pela minha púbis
Fétida, seca, suja...
Loucamente, minha mente conta mentiras para mim
Eu ensaio, saio e visto saia
A cortina se fecha, a luz apaga.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
O ILUSIONISTA
v.m.paes
Deflora-me até chegarmos a um orgasmo total
E a luz se apagou, vem bebe de mim
E eu juro que eu nunca imaginei
Acolha-me até chegarmos a um orgasmo total
Vem come em mim, minha sensibilidade
Ah, talvez por algum segundo até pensei...
(enquanto rolava na vitrola Arrigo Barbabé)
segunda-feira, 18 de maio de 2009
AQUELA COISA TODA - primeira parte
Tem horas que sinto falta da figura da fábrica, imponente no horizonte da cidadezinha, da fumaça cinza que ela sutilmente cospe pelas chaminés, qual eu nostalgicamente vejo um pouco de beleza. Os homens azuis com código de identificação, as pessoas acéfalas reunidas na praça.
Tem horas que sinto falta de tanta coisa louca que eu fico trancando no sanatório dos meus pensamentos. Resolvi matar pessoas agora, postar os corações numa redoma de vidro, sentar em frente e ficar por ali meses observando a decomposição.
Alternando o fluxo de idéias superficiais que tenho, sobretudo àquilo que se faz imediato perante o tempo, o fuso-horário dos meus sonhos com o mundo real aumentou. Ultimamente venho perdendo o horário do trem pelo simples prazer em me atrasar.
Nos meus devaneios todos são bem vindos, basta apenas pedir pra entrar. Sonhos compartilhados, irrealidade saborosa. Mas que me procurem, pois não vou voltar agora, talvez quando o inverno passar. Talvez eu passe com ele.
v.m.paes
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Me deixe te sufocar até morrer
Até quando o ar não tocar mais os pulmões
E seus dois olhos sangrarem, sangue em forma de lágrimas
Me deixe cortar seus pulsos, dilacerar seu corpo
Morder seus lábios com força, muita força
Me deixe violar teu corpo morto, porém ainda quente
Enquanto seu sangue escorre, por todos os orifícios mutilados, por conta da minha violência...
Eu quero te ver morta, te currar morta, e depois atear fogo em nossos corpos juntos
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Sobre reflexos, sonhos e fantasmas
As crianças morriam felizes perdidas naquele jardim seco
O ar sempre úmido
No espelho o reflexo de uma “pseudo-solidão” sorridente cansada de sorrir sempre para a mesma pessoa.
Atravessa a porta, ainda acompanhada da “pseudo-solidão”, corre, esquece as crianças que morrem felizes no jardim. Se mistura com outras criaturas insignificantes e diz coisas fúteis. Todos tão mortos e tão felizes
v.m.paes
terça-feira, 12 de maio de 2009
domingo, 10 de maio de 2009
quinta-feira, 7 de maio de 2009
(Nada além dos rostos. Nem a beleza do lençol deslizando delicadamente sobre os dois corpos, a cama absorvendo todo o suor. O ar úmido da dupla respiração num mesmo tom)
"As cenas de violência não irão ao ar"
(Mentira! Eles vivem me sujando todo de sangue, e nem sempre é sangue verdadeiro.)
...Eles não querem me deixar pensar, muito menos acreditar no que penso...
(Mas não são fortes o suficiente)
...Pensando... bato cinzas... trago novamente... me acomodo no sofá.
(a pergunta ainda martelando em minha cabeça)
'Afinal, Quem roubou meu sadismo?'
v.m.paes