merda e sangue
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
O CU DO CRIOULINHO
merda e sangue
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Dilemas e paradoxos
Foto por Nátalin Guvêa |
é o que eu creio
eu sou feio
portanto me acho bonito
ou sou bonito
daí me acho feio
ou me acho bonito?
me sinto velho
então eu penso
ou eu finjo?
falo
não entendo
nem explico
fosse eu, mudo
pra preservar os dentes
de leão
que mia
esperando a leoa
voltar da caça
insensato
estúpido
decadente, mas com estilo
estripo
minha hipocrisia
chamo-a de filha
e a levo pra passear
sou o maior filósofo moderno
do meu sofá
portanto
penso, logo
percebo
que não existo.
PRO TEXTO DE HOJE, RECOMENDO DUAS TRILHAS. FANTÁSTICAS DE DOIS GRANDES NOMES DA MÚSICA BRASILEIRA, ELAS COMPLETAM ESTE TEXTO, EM DOIS DIFERENTES ASPECTOS.:
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Poema sem nome nº2
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Poema sem nome n°1
FOTO POR NÁTALIN GUVEA |
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Cheirinho de leite quente
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
SEXTA-FEIRA
o sol faz brasa no cobre das estátuas
eu, suando em bicas, com a pica toda melada
uma saudadizinha doce d'ocê
seis-freiras, caminham na praça
túnicas negras
matando qualquer pecado de calor
tão quente que o prazer do cigarro desaparece
a corrida pela sombra, hoje, fez dois mortos, um ferido
eu dou um chute na pomba
e rastejo no sol.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
OS BIGODUDOS DA MINHA VIDA
Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Sôo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
QUERO TEU PÂNCREAS PRA MIM
não quero saber do teu coração
nem da cor dos teus olhos
nem do gosto da tua buceta
Eu só quero teu pâncreas
Não me importa
a cor do bico da tua teta
nem o tamanho dela
nem se teu cu é rosadinho e apertado
Eu só quero teu pâncreas
Pra secretar hormônios
e regular os níveis de glicose no meu sangue
pra compensar o doce que você faz
quando eu quero te comer
Quero teu pâncreas pra mim!
sábado, 9 de outubro de 2010
MÚSICA PELO FILHO
Mais uma música do meu projeto, De Pax, está pronta. Modéstias à parte, essa ficou maravilhosa, ainda precisamos acertar alguns detalhes, mas o resultado parcial já nos agradou muito.
O Projeto De Pax, é uma parceria minha com o produtor musical Ivan Barci e, por aqui, lhes apresento nossa Capela Sistina: Ao Filho, minha primeira homenagem, em forma de música, ao meu guri, nesta música contamos, também, com a criatividade incessante do saxofonista Will Gonçalves.
www.myspace.com/depax
FICHA TÉCNICA:
Vinícius Paes (de Pax) - Letra, Música, Violão e Voz
Ivan Barci - Baixo, Guitarra, Bateria, Piano, Apito Gravação e Mixagem
Will Gonçalves - Saxofone
João - Percussão
Talita G. - Backing vocal
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Veludo Vermelho
assiste ao pleito
como quem assiste
um filme erótico dos anos oitenta
a comodidade exacerbada
de uma masturbação perante uma foda sem graça e fictícia
não queria," Darwinizar", novamente
mas o homem-animal
por instinto se adapta
ao ambiente em que vive
portanto são
o conformismo
e a inércia
responsáveis por este
entra e sai, entra e sai
do consumismo e de um mesmo sistema político,
há muito, falido.
no final, independente do resultado
nada muda...
é só mais masturbação no sofá de veludo vermelho.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O JARDIM DA EXPERIÊNCIA
Sem nenhuma vergonha na cara, apresento-lhes minha mais recente criação: Jardim da consciência. Nela, além do violão, utilizo de sacolas plásticas e um simulador de efeitos.
JARDIM DA CONSCIÊNCIA
Já ouço meu corpo
se desculpando com o tempo
já não peço licença
pra fechar os olhos e deitar no vazio
compro novos sapatos
fumo do mesmo cigarro
assisto a degradação
do ambiente cinza que me ronda
e da natureza morta do meu intestino
Mal nasceram as rugas
e eu já cheiro a mofo
um drops de naftalina
pra eliminar meu hálito fecal
para trancar meu cérebro
na gaveta do espaço
Estou cantando no vácuo
um teste gravitacional
de idéias e de pensamentos enrustidos
e quando me falta álcool
meu fogo apaga, a febre queima
e eu abro a porta de um bloqueio criativo
Eu pergunto as paredes
qual a graça e moral de toda essa existência?
tantas grades e muros
e a liberdade traz, no pulso, marcas de algemas
o futuro é fruto da imaginação
brota na primavera da televisão
e apodrece no jardim da consciência humana
o sol do submundo dispara um clarão
in vitro uma nova fertilização
abortando um tratado de idéias novas
Vinícius Paes
terça-feira, 24 de agosto de 2010
ESTÁTICA
Fique estática
Música: Minha Cara - Mart'nália
_____________________________________________________________________
Tô meio sumido, mas não morri, ainda. hahahaha.
sábado, 5 de junho de 2010
Durma antes de morrer!
corre pra cama, debaixo dela
fuja dos mísseis, abrace seu travesseiro de espinhos
Coma filho,
de todos os tipos de carne
escolha o vinho que melhor acompanhe
antes que a guarnição chegue
armados de hipocrisia
enrolados em arame farpado
Não. Filho
o que existe é uma falsa democracia
não acredite em nada que aparece na tevê
fale sempre com estranhos na rua, mas ignore os normais
desvie daqueles que carregam a morte em forma de cruz no peito
Dorme, filho
dorme logo antes que você morra
antes que o mundo caia sobre tua cabeça
pois a vida, enquanto acordado, é um campo de batalha e a paz é utopia!
(desculpe a ausência, meus amigos, não é descaso é a falta de tempo... mas as coisas estão normalizando. Colocarei minhas leituras em dia)
terça-feira, 11 de maio de 2010
E o Bento chegou.
arrebentando as entranhas e sua mãe
arrebatando nossos corações
rebento do nosso brilho
um produto de consumo, consumado por nosso afeto e carinho
mais uma alma inocente nesse mundo cão...
preciso dizer tantas pra ele:
sobre os homens, sobre o tempo, sobre a razão
avisar que não existe monstro no armário, a não ser que ele queira.
que não existe deus no céu, apenas estrelas
e que Satã faz morada na terra, pois não há inferno
Preciso contar pra ele que filosofia é algo muito importante
apresentar-lhe alguns amigos, meus... Tom Zé, Caetano, Tom Jobim, Belchior, Sérgio Sampaio, entre tantos outros...
Tenho também que lhe contar que esse mundo é feio e cruel... mas que podemos fazer ao menos do nosso quintal algo mais calmo e claro.
Que podemos ver beleza nas coisinhas mais pequenas...
Tenho que contar pra ele que dinheiro não presta, e deixa as pessoas ignorantes e infelizes...
Preciso falar com ele sobre os benefícios do álcool e da boemia, das drogas, dos cigarros, das mulheres, da poesia, do samba, da masturbação e de todo o resto que faz bem....
Preciso falar sobre os malefícios das tradições, ilusões, religões e todo o resto e faz mal.
Preciso lhe contar sobre esses homens maus, que comem outros homens.
Tenho tanta coisa pra lhe falar meu filho, só espero ter tempo pra tudo isso.
Chegou saudável, estranho como qualquer recém nascido, tem os olhos e o nariz da mãe, a minha boca.
Eu, particularmente, acho ele bem parecido comigo... adora dormir a tardinha, adora chupar os peitos de sua mãe, adora a madrugada...
É um menino lindo e puro, contrastando com esse mundo cinza.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Balinhas de chumbo
passeia por entre as pessoas, como se fosse invisível
imprevisível, aquele menino que até alguns minutos atrás não existia
Tira do bolso, com as unhas negras de terra
balinhas metálicas...
bota duas na boca, atira três na vidraça e sai fugido
seu sangue é mais venenoso do que o chumbo
por isso seus passos são pesados e suas palavras tóxicas
Arranja espaço num poço fundo, onde deita toda noite
entre as fezes, os abutres e os diamantes
Dorme, então, em paz
aquele menino
que num parto fórceps
foi tirado do ânus de sua mãe
para entrar no ânus do tempo e da razão.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Música pela paz(x)
Selecionei, dentre todas, as minhas quinze melhores composições, e estamos trabalhando uma a uma a uma, com arranjos, criando uma estrutura para cada canção, um trabalho que ainda vai levar um certo tempo para atingir o nível que pretendemos. Porém, foi quando tive contato com a canção, Corações Vazios, de Ivan, que notei que essa música poderia, também, compor este disco, tanto pela temática, como pela sonoridade... e então, com a sintonia de pensamento em que nós dois nos encontrávamos, resolvemos gravar essa música. O resultado ficou agradável e satisfatório, e deixo abaixo o link do myspace recém inaugurado para que possam vocês, queridos amigos, terem acesso, fica também a ficha técnica de produção. Espero que gostem do resultado.
http://www.myspace.com/depax
CORAÇÕES VAZIOS (2010)
Letra: Ivan Barci (2007)
Arranjos: Ivan Barci e Paulo Serafim (2007)
Violão - Paulo Serafim
Saxofone e Flauta - Willinton Gonçalves
Baixo, Aerofone, Percussão e Bateria - Ivan Barci
Backing vocals e assovio - Ivan Barci
Voz - Vinícius de Pax
Gravação, Mixagem, Masterização - Ivan Barci
em tempo: O cenário do myspace ainda está sendo definido.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
NAMORANDO SÉRGIO SAMPAIO
Desta vez, ao contrário das outras, não vou atirar pedras na nossa, inculta, sociedade por ignorarem a existência deste artistica completo, Sérgio Sampaio precisa ser assim, esquecido, marginalizado, difamado, afinal, se não fosse, não seria ele Sérgio Sampaio. E o triste de tudo isso, é isso tudo de tempo que demorei, eu, para conhecer sua obra, eu sou mesmo um grande idiota.
Quatro punhos espalhados no ar
Oito olhos vigiando o quintal
E o meu coração de vidro
Se quebrou
Sete bocas mastigando o jantar
Sete loucos entre o bem e o mal
E o meu coração de vidro
A marca no meu rosto
É do seu beijo fatal
O que eu levo no bolso
Você não sabe mais
E eu posso dormir tranqüilo
Amanhã, quem sabe?
Não é uma questão de ordem ou de moral
Eu sei que posso até brincar
O meu carnaval
Mas meu coração é outro
Simples, meu pai
Faça um samba enquanto o bicho não vem
Saia um pouco, ligue o rádio, meu bem
Não ligue, que a morte é certa
Não chore, que a morte é certa
Não brigue, que a morte é certa
E eu, que pouco choro, derramei lágrimas na primeira vez que videei.
Imagem: Google
Vídeo: Youtube
sexta-feira, 16 de abril de 2010
O PAI DA EXPERIÊNCIA
"O silêncio é o pai da idéia" - Tom Zé
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Meu eu-lírico vai acabar me matando.
Eu ando
com um saco cheio entre as pernas
arrastando no chão, roçando nas pedras
Sento
olho pro meu pau, feio, mole e inválido
cuspo na mão e toco uma punheta
acelerada e ansiosa
um jato de porra atinge meus lábios, feito flecha da verdade
assim descubro, que minha porra tem gosto de mel
engulo tudo,
me lambuzo e permaneço, a mim, fiel
Passei a dançar ser ter o cuidado de manter os pés sobre o chão
tenho fumado muito, andei tomando algumas
mas continuo amando uma mesma mulher.
foto por Nátalin Guvêa
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Planetário
lá estão elas nos observando
de cima o plano toma cores
e estamos estáticos, fossilizados
nus e agarrados
dois corpos em um único espaço
contrariando todas as leis da física
Há bilhões de anos
estamos alinhados
corpo e alma
e esquecendo o que não serve de lembrança
a nossa sombra derrete a luz
o meu corpo derrete e se funde ao teu
Esse mundo já ficou pequeno pra nós
Agora, eu e você somos o mundo e nada mais existe
Além de nós
o resto é irreal
Vou desenhar pra você um novo universo
inverso, o avesso das palavras
uma linguagem escrita por olhares
uma esfera brilhante, a gênese de uma nova dimensão
Há bilhões de anos
lá estão elas nos observando
as estrelas, sempre tão serenas
nos envolvendo como parte da constelação.
(poema, originalmente, publicado em 06.07.2009, neste blogue)
terça-feira, 6 de abril de 2010
Sobre a chuva
cai lá fora, gotas de sangue
pequenas agulhas envenenadas
alfinetando a melancolia em meu peito
A chuva, tem medo
por isso mentiu pra mim
vai embora, deixando-me só com as poças
e esquecendo o que minha figura representa em seu ciclo
agora é tarde,
não posso mais acreditar na chuva.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Reporto-me a um velho poema.
Amanhã, nasce um
Qual é o resultado dessa equação...
isso é uma soma ou uma subtração?
Sou péssimo em Matemática, portanto hoje fico por aqui...
buscando entender o que não pode ser entendido....
Afinal, morte é somar ou zerar?
O que eu sei sobre a morte é que ela é o sentido da vida, a única certeza. É aquilo que impulsiona as ações, vontades... a morte é o reflexo das ações, e sim, todos devem morrer algum dia. Só queria que todos morressem sorrindo e em paz.
(Vestindo luto; 22/03/2010)
in Manual de Aritmética.
sábado, 20 de março de 2010
Quem sabe?
dedilhando o corpo escuro da noite
Das estrelas cortantes
rasgando minhas veias e jorrando meu sangue
Das sirenas nas ruas
atropelando pessoas, que agonizavam, atropeladas pelo tempo
De minha pele, desmanchando em vitiligo
como um camaleão se camuflando
Do meu cigarro
queimando a solidão de uma espera
Dos olhares, sobre mim, lançados
como grades cercando meus pensamentos
Da minha vida
que queria ser chamada de morte
Da minha morte
que queria ser chamada de liberdade
Da minha liberdade
que adotou o pseudônimo, loucura.
Quem sabe,
o que eu quero dizer?
quando na verdade não quero dizer, absolutamente, nada.
Isso não é prosa, nem poesia...
é apenas minha caixa de pandora
nada foi dito, são, apenas, palavras
um nada sobre o nada.
quarta-feira, 17 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
Pela poesia de Rogério Skylab
Que tempos são esses ?
- perguntou-me a professora de filosofia.
Então respondi à minha maneira :
são tempos de pura sandice.
Só os loucos amam, professora.
Os outros trabalham,
à noite assistem televisão,
e depois dormem até o dia raiar.
Quando amanhece, voltam para o trabalho.
Enquanto eu durmo, sonho,
trepo e não gosto de trabalhar.
Esses são os novos tempos, professora.
Tempos de escrever como quem fala.
E não dizer absolutamente nada.
fonte: site oficial de Rogério Skylab
Um dos meus maiores ídolos. Talvez, minha principal influência, já que até o nome deste blogue vem de uma das músicas dele.
terça-feira, 2 de março de 2010
Girar-mundo
como a menininha com sua primeira menstruação
acendo velas, num culto àqueles que se masturbam num rito de piedade
na cabala das esquinas e becos escuros
Enquanto o Sr. Moralidade abre a braguilha e põe sua filha no colo
Enquanto o sacristão come o meu filho, sem camisinha, sob os pés de Cristo
Enquanto deus, com sua roupa de diabo, tira suas merecidas férias, no inferno,
regadas a vinho e orgias sexuais
Emoldurado, numa das paredes do reino dos céus, os dogmas de uma estrutura opressiva
estão, nossos anjos, todos controlados
o perdão está em leilão
e as terras no céu foram desapropriadas
no lugar das belas mansões, que antes pertenciam aos fidalgos, serão construídos nosocômios
onde, hão de vagar, as almas, doutrinadas e febris, condenadas a eternidade
Agora,
o Sr. Moralidade abre o jornal
abaixa as calças, senta sobre a cloaca de seu banheiro esterilizado
e de tanta força que faz, para expulsar toda a merda de seu caráter, acaba por estourar suas hemorróidas
chora pelo ânus enquanto recolhe as pregas
pra continuar pregando.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Pela poesia de Anita Mendes
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Pelas horas da madrugada
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Ela tem o rabo quente
Ela tem o rabo quente
e um pau bem rígido
uma metamorfose aflita
melancolia
escondida nos preceitos do positivismo
Ela põe teu rabo quente
rente a minha face
fazendo da escuridão teu abrigo
e das sombras teu desfecho
Ela abre teu rabo quente
e senta
sobre a minha pica dura
Ah, se ela soubesse que o meu rabo, também, arde
Nos meus lábios o doce vermelho do batom
e
toda a morbidez da fumaça
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Sóbrio, até demais
Sou o gênio da minha razão
a ficção da minha ciência
o segredo... pouco a pouco revelado
A loucura que chega, através de toda minha sobriedade
a surpresa inerte, desmascarada pelo meu maior inimigo
minha alma fugiu de casa, sem me deixar qualquer pista
Sou eu,
as mentiras que as pessoas trocam feito figuras repetidas
de um velho álbum empoeirado
Sou minha vagabunda preferida
louco pra engolir meu pau
num ato, recíproco, de prazer
Pelos padrões
que ditam as normas e as formas, culta, da arte
com um sol, um mar e tudo tão belo
Passando, na tevê, de canal em canal
e você nem se dá conta...
Ao abrir a porta, o sol te engole
o dia te consome
e
as baratas, entram aos montes
rasgando todas as pregas do teu cu
E, não há nada que me cale
ou que me faça vestir uma fantasia
e sambar no picadeiro
para dar sorrisos àquela plateia
que só sabe viver morrendo
e
se você ainda não morreu...
saiba que está morrendo
e quando essa hora chegar
será uma morte sóbria demais.
Na Vitrola, um dos meus artistas preferidos, Rogério Skylab
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Heróis de guerra
travadas sobre a cama
manchando de sangue o lençol
o nosso excitante canibalismo
envolto nas teias
da cadeia alimentar do desejo
onde, carne consome carne
e não se pode distinguir a fome da gula
quem come de quem é a comida
e tudo se faz um, dois corpos
postos num banquete
de pecado à la carte
é quando seu olhar, feito faca,
me corta ao meio
e num movimento natural de defesa
agarro todos seus cabelos
lanço golpes, violentos, contra seu rosto
cravo minha espada em teu âmago
atravessando, ânus, boca e alma
então, me toca
com as unhas, rouba-me a armadura
quebras meu escudo
ergue em tuas mãos meu pênis
logo, o engole
fazendo deste movimento, teu golpe final
lhe toco,
em meus olhos, um brilho de piedade
assim, me abraça com clemência
para, então, cairmos juntos
ambos, heróis daquela guerra
condecorados
com o gozo, mútuo, da nossa vitória
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
O Despertar
todo cagado.
cagando pro mundo
cagando pra você
e, também, todo cagado
Não ligo pro lençol sujo de merda,
nem pra esse mundo de merda,
nem pra sua cara de merda.
Hoje,
eu acordei todo cagado
e, provavelmente, amanhã
eu acorde também.
(se não fosse todo esse álcool)
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Movimentos do útero - (poesia visual)
Meu Bento, que ganha forma dentro do útero de sua mãe, havia passado o dia inteiro sem um movimento sequer, sem chutar, sem mexer, sem nada. Então, foi quando eu aproximei meu rosto da sua casa temporária, beijei, falei, até cantei pra ele, que ele começou a se movimentar, a chutar. Como se soubesse que era o pai dele que ali de fora dizia coisas bobas. Como se ele pudesse ouvir e entender que aquela voz era a minha, como se tudo aquilo que eu dizia fizesse sentido, como se já pudesse sentir meus beijos e meu abraço protetor. Uma forma de comunicação transcendental. Talvez tenha sido só a natureza agindo, afinal fetos são fetos. Mas, é impossível dizer que não fui tomado, de surpresa, por um sentimento bom que até então não havia experimentado. Meu menino que nem nasceu ainda, mas já me enche de alegria.
ps: o título dessa postagem, foi inspirado numa postagem do blog Bate-bola, do jornalista Rodrigo Piscitelli, intitulada 'um poema visual'.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
UM POEMINHA DE MERDA
com sonhos cheirando a vômito
Numa banheira de álcool
Dou aquela cagada, embalada a vácuo
mergulho dentro da minha privada
e nado, até chegar o mar...
posso ver uma ilha, ao horizonte
Uma ilha feita de merda. Merda de todos os habitantes do planeta
Ao chegar, me atiro no chão e rolo, de um lado para o outro
Passo merda no cabelo, na boca, nos olhos, no pau
Levanto com minha cara de cu
e meu sorriso cor de bosta
Por fim,
Caminho por entre a multidão
E, facilmente, camuflo-me
(mal dá pra notar a diferença)
e aquele fedor, era pra mim, agradável
cheiro de gente.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
UM POEMA DE 'EU TE AMO'
aos goles d'água e os bocados de salame apimentado com mostarda escura
pensando se seria moral e sensato, nesse momento, abrir uma garrafa de vinho
enquanto me arrependo em não ter comprado cervejas
Penso na cura do câncer do mundo e,
também, apaixonado, penso na maravilha que é saber que na imensidão da nossa cama
você descansa, bêbada de amor, num sono sereno e profundo
Penso nos nossos prazeres e nos nossos pecados
nas aventuras e desventuras de nossas almas em meio às cores
na ameaça letal e na guerra que travamos contra o tempo
Nos nossos dias, completamente apaixonados
e nos abraços, nus e apertados
nos nós de nossas pernas, nos laços de nossos braços
no sexo dos nossos membros
Sinto vontade de, com minhas mãos, apertar o teu pescoço
te libertar, com a nossa libido libertina
te sufocar até faltar ar
Em seguida, te beijar e sentir o amor correr, pelo teu gélido corpo
Vontade de te esquartejar, membro a membro
na imensidão da nossa cama, me pintar com cada gota do teu sangue
Com o teu clitóris, ornar um belo colar
para carregar, pendurado em meu pescoço, próximo ao meu coração, o teu pedaço
mais sensível, mais bonito, mais intenso, mais cultuado
a representação perfeita da sua essência
Ocasionalmente coloco-o em minha boca, dou-lhe uma pequena mordiscada
para sentir o sabor do teu gozo
Com teus olhos,
serenos, sinceros, singelos
negros, com uma camada policrômica,
ataviar um belo par de brincos
furá-los em minhas orelhas
Com tua pele me vestir
num belo vestido de tom claro
com seios grandes, redondos e empinados
com cheiro de amêndoas e um tacto suave
Seus lábios, agora serão meus lábios
para que sua saliva seja pra sempre minha saliva
para que meu beijo seja para sempre teu beijo
para que minhas palavras se misturem com as suas
e façamos, em uníssono, um belo verso
num lego de fonemas
Então,
corro até o espelho e me olho
me vejo lindo, travestido de você
Sento a mesa,
sirvo, teu coração, num prato, temperado com ervas e porra
como-a até o último pedaço
Por fim,
tomo um suco de seu suor misturado a vitríolo
adoçado com seus dejetos
Para morrer
a tua imagem e semelhança
ensandecido, sorrindo e apaixonado.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
A MULHER DOS MEUS SONHOS
Dança pra mim sobre a cama
A calcinha, pequena, enterra-se nas carnes
Cansa-se e cai de boca no meu pau
Chupa, como se o ato desse mais prazer pra ela do que pra mim
Me beija, como se eu fosse o teu primeiro e único homem
Sobre mim, senta e dança
Vira, revira os olhos
Grita
Bate, arranha
Tece teias em meu corpo
Feito aranha
Posta-se de quatro e me envolve no teu veneno
Na tua face jorro, quente, o meu sêmen
Ela gosta e engole, planta em mim uma semente
Pouco depois acordo, só, na cama imensa com os lençóis molhados de porra.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
ALGUMAS COISAS QUE EU NÃO GOSTO
Abri outra cerveja, nas minhas incursões pelas madrugadas
Cansado de ter que pensar tanto sobre todas as coisas do mundo
A vida é realmente um negócio chato
Ela foi feita pra ser chata e monótona
E não me venham com esse papo de viajar e conhecer o mundo e se aventurar
A vida vai continuar sendo uma merda, pois ela foi feita pra ser assim
A diferença é que vai ser uma merda com cheiro e textura diferentes, mas, ainda assim, uma merda
E não importa se você ama, casa-se, constrói um lar e tudo o mais
A vida é uma merda e ponto
E não, não estou pensando em suicídio e nem entrando em depressão, aliás, eu adoro essa merda de vida e viveria ela inteira novamente, do mesmo jeito
Adoro a monotonia do amor, adoro vomitar as tripas de tão bêbado, adoro pensar que o cigarro destrói meus pulmões, adoro os olhares me recriminando pelas minhas roupas sujas e esfoladas, adoro todo o resto que faz da vida uma merda...
Só não gosto de hipocrisia, ganância e egoísmo, coisas que fazem essa merda feder demais
Sabe, não gosto de pessoas fúteis, idiotas e burras
Não gosto de quem não gosta de jazz, não gosto de quem não sabe sobre a importância da filosofia, não gosto de pessoas-etiquetas, não gosto de fanáticos e de mais alguns pares de coisas
Não gosto de pessoas que fazem intercambio para os Estados Unidos, para jogar dinheiro fora, procurar emprego, ou simplesmente se aventurar
Vai viajar pro Camboja, lá sim você vai ter uma grande experiência do que é a vida
Caso o contrário metam seu dinheiro, sua passagem, sua experiência e sua vida, no olho do cu
Não gosto de pessoas que fazem academia, tanto aqueles que são escravos da ditadura da beleza, como aquelas senhoras que querem impedir que os maridos trepem com as secretárias, a elas um aviso: Desistam, as secretárias são sempre mais gostosas
Não gosto de quem não bebe, são chatos, sem graça e geralmente não dizem nada útil e agradável, deveriam ficar em casa tomando seu chocolate quente e assistindo a novela ao invés de irem pro bar e reclamarem da fumaça do meu cigarro
Também não gosto de quem gosta de quem não bebe, são quase a mesma coisa
Não gosto de ‘baladas’ e de quem vai pra ‘baladas’, ficam dançando e suando e se esfregando uns nos outros
Não gosto de pombas, são nojentas e transmitem doenças, não gosto de baratas, são como as pombas, porém mais nojentas
Não gosto de igrejas, gosto menos ainda dos testemunhos de Jeová, bando de filhos da puta, acordam às cinco da manhã no sábado pra vir pregar na porta da minha casa, quando estou deleitando na minha ressaca
Não gosto dos filmes do Tim Burton, acho ele um grande imbecil, também não gosto dos filmes do Spilberg, acho ele outro grande imbecil
Não gosto dessas novas modas pseudo-cult, que só por que vêem filmes iraquianos, lêem um pouco de Kafka, usam roupas listradas e deixam de comer carne, se acham a supremacia da espécie, eles me dão nojo e reviram todo o meu estomago
Não gosto de vegans, vegetarianos e de sociedades defensoras de animais, bando de bundões hipócritas, ninguém tá nem aí pro efeito estufa, ou pros mundrungos, ou pras putas, ou para aqueles que morrem de fome, ou para todo o resto dessa podridão, mas salvar as vacas todos querem, pro inferno bando de bastardos
Não gosto de música ruim, isso inclui toda a produção da indústria cultural
Não gosto da linha editorial do Estadão, não gosto de ler a Veja e não gosto do Jornal Nacional
Não gosto de vinho suave, nem de uísque, nem dessas novas marcas de cervejas que estão aparecendo
Não gosto de mais um milhão de coisas que, aqui, não citei...
E, provavelmente eu também não goste de você