quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O FILHO DO DIABO




v.m.paes

Nasci filho do diabo

Nem do chão, nem do céu

Do pecado, um doce amargo

Minhas tendências são duvidosas

Minhas flores são as rosas

Tenho histórias pra contar

Porém perto de deus sou inofensivo
ele chegou num certo nível:

Sede de perdão.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

PALAVRAS DE UM POETA DECADENTE


v.m.paes

Assinava com sangue o meu nome nas paredes, as paredes que falavam comigo durante os meus sonhos solitários.
Eu gritava cada vez mais alto, mas as pessoas pareciam não ouvir minha voz, acelerava meu coração a cada grito, batidas rítmicas em meu peito, aquele som estranho não fazia pra mim o menor sentido.
Eu sou o homem-nada, que acorda sempre após o sol morrer, perdido, sozinho e morrendo.

Caminhei sorrateiramente, não queria incomodar, não queria nem brilhar, eu só buscava alguma paz, às vezes algum ombro, algum traço, rabiscado em qualquer papel, em qualquer pedaço.
Eu queria fazer algum sentido, quando o mundo não fazia sentido algum, tudo era nada, e nada era tudo o que eu tinha.
Lentamente eu me afundava num rio negro e sombrio, vezes num copo de vinho, vezes num corpo frio.
Eu sou o homem-nada, que acorda sempre após o sol morrer, perdido, sozinho e morrendo.

Construindo uma vida vazia a cada palavra citada, uma existência aleatória, entre calhamaços de papel, e muitos maços de cigarro.
Em silêncio eu grito, cada vez mais, e mais desesperadamente, mas as minhas paredes são surdas, e invisíveis assim como eu, somente a caneta me ouve, e me traça algumas linhas que ainda me permitem respirar.
A solidão me faz companhia, entre tantos ela tem sido a minha melhor amiga, a minha melhor amante, a razão dos meus versos, quase sempre infames.
Espero a hora certa, talvez por muita coragem, ou talvez por medo, na melhor das hipóteses esperança.
Eu sou apenas o homem-nada, que acorda sempre após o sol morrer, perdido, sozinho e morrendo, dia após dia, esperando na morte uma nova poesia.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

RESSACA


v.m.paes

A bebida libera a libido, mas que porcaria é essa de libido? É o que te faz ser irracional, agir sem pensar muito, em muitas vezes nem pensar, é o que te faz ser diferente, chato, cômico. A libido é assim arrogante, prepotente, ignora todos os valores éticos e morais, ela é um misto de insanidade com sagacidade, quanto se está sobre domínio dela é como se tudo ao seu redor deixa-se de existir, pessoas, sentimentos (principalmente alheios), universo. Enfim, a libido é a dor de cabeça melancólica, arrependida, e incompreensível do dia seguinte, é a vontade morrer, ou de beber novamente.