Mais silencioso que o silêncio
Mais escuro que a escuridão
Gozo dentro dela
Ela em cima de mim
(ainda pensando nele)
Sentei na sombra daquela árvore
O gramado pleno e soberano, todo verde sob os pés dela
Delicados, correu saltitando
Sentou ao meu lado, na sombra daquela árvore
Pediu um trago do meu cigarro, um beijo em meu rosto
De mim um sorriso pra ela
O sol derretia no horizonte
Germinamos, criamos raízes, galhos, folhas
Da libido flores, do gozo em uníssono nasceriam frutos
Ela deitou a cabeça em meu colo
Deitei minha mão em seus cabelos
Queria guardar pra sempre aqueles segundos
E voltar em silêncio todos os invernos
Para dormir debaixo daquela árvore
Tirei os sapatos, em seguida as roupas
Na grama deitei... esperei... envelheci...
Poeira nas rugas...
(saliva e suor por todo o pálido corpo)
Me alimenta com sua fome...
Lá vai o tempo. Levanto vôo
Aterro em seus trilhos.
Nem trem, nem relógio.
É o seu coração-bomba, anunciando que logo será o fim.
Está ficando escuro e quieto isso aqui, não acha?
v.m.paes
Não é o suficiente, nunca será
Eu preciso começar me ouvir pra aprender escrever
Eu não quero o belo, prefiro todo o charme do feio
Quero mais do que simples arrepios
Eu preciso causar um leve desconforto na boca do estômago de cada um
Um enjôo diferente a cada frase
Quero ver todos vomitarem sobre minhas palavras
Enquanto se lambuzam com o amargo sabor dos meus sentimentos.
v.m.paes
Escrever de certa forma acalma. Beber muitas vezes, acalma. Chorar alivia, mas não acalma
O problema é se afogar na loucura e descobrir que não sabe nadar
Neurastênica, inconscientemente histérica, vontade frenética de se cortar
Se machuca com suas lágrimas de vidro, por puro prazer
Dorme dentro do armário, se irrita ao dizer que está calma
Se perde ao dizer que sabe onde está
Não sangra mais ao cortar.