quarta-feira, 29 de abril de 2009

No ato
Mais silencioso que o silêncio
Mais escuro que a escuridão
Gozo dentro dela
Ela em cima de mim
(ainda pensando nele)

v.m.paes

terça-feira, 28 de abril de 2009


Sentei na sombra daquela árvore

O gramado pleno e soberano, todo verde sob os pés dela

Delicados, correu saltitando

Sentou ao meu lado, na sombra daquela árvore

Pediu um trago do meu cigarro, um beijo em meu rosto

De mim um sorriso pra ela

O sol derretia no horizonte

Germinamos, criamos raízes, galhos, folhas

Da libido flores, do gozo em uníssono nasceriam frutos

Ela deitou a cabeça em meu colo

Deitei minha mão em seus cabelos

Queria guardar pra sempre aqueles segundos

E voltar em silêncio todos os invernos

Para dormir debaixo daquela árvore


v.m.paes

sexta-feira, 24 de abril de 2009

VIOLENTAS CONSIDERAÇÕES



Divide-se em duas, a boa e a má, nota-se a violência em todo lugar. Os olhos podem estar abertos, virados, ou fechados. Da mais profunda escuridão até a mais ofuscante claridade. É incrível a sua onipresença. A violência está para o céu, assim como para o inferno. Vezes desfigura vidas, outras configura amores.
Há violência no nascimento, nos berros da mãe ao cuspir por entre pernas sua prole, um desconforto em busca de vida, prazeroso. Há violência na morte, no choro dos que ficam, e no sorriso do que vai. Há violência no sexo, e pode ser muito gostosa, nos tapas desferidos com carinho, nas mordidas de tesão, no suor da carne tocando carne, nos gemidos agudos ou calados, em todo o contorcionismo “orgasmático” do gozo, não há nada tão violento e lindo como uma bela trepada. Vejo violência até mesmo no amor, na ansiedade de quem espera, e na saudade de quem se foi. A bela violência.
A violência vai além das agressões físicas, verbais, morais. Existe também a violência cultural, onde a alienação em massa pode ser fatal. A violência da suprema sabedoria, que chega junto com a loucura e a solidão. Violência de guerra, violência de paz. Ou a simples violência do outono que lentamente degrada a última flor da primavera.


v.m.paes

quinta-feira, 23 de abril de 2009


Tirei os sapatos, em seguida as roupas

Na grama deitei... esperei... envelheci...

Poeira nas rugas...

(saliva e suor por todo o pálido corpo)

Me alimenta com sua fome...

Lá vai o tempo. Levanto vôo

Aterro em seus trilhos.

Nem trem, nem relógio.

É o seu coração-bomba, anunciando que logo será o fim.

Está ficando escuro e quieto isso aqui, não acha?

v.m.paes



baseado no poema de Nátalin Guvea.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Roubaram-me! E eu nem sabia que estava jogando – cheio de cartas na manga pensei sorridente.
Mas de mim roubariam o quê? De quando nada tinha, menos agora tenho
Tem horas que eu nem mesmo me entendo!
Ou nada do que entendo se encaixa... palavras... outra... ofegante.
Pense... por alguns segundos.
Faria comigo novamente se o mundo hoje acabasse?
Nem eu faria, perdi em mim meu tesão próprio
Guardei todas as palavras na garganta... quase não pude respirar.
Mas aprendi a me ensinar que o silêncio vezes cabe... por mais que dure a eternidade de alguns segundos
( mas que eu queria eu queria) isso não disse, só pensei. Ainda não aprendi que orgulho não é coragem
Tic-tac... tic-tac. Ahhhh... agora sim grito, mas ninguém ouve, talvez por causa dos meus gestos mudos... e berros silenciosos
Bem? Nunca estou. Em paz? Sempre!

...sorocorro!



v.m.paes

sábado, 18 de abril de 2009

Não tenho medo do inferno. O inferno sou eu!
Queres mesmo estar em mim? Vezes nem eu quero.

v.m.paes

sábado, 11 de abril de 2009

PALAVRAS DE UM POETA DECADENTE 2

Não é o suficiente, nunca será

Eu preciso começar me ouvir pra aprender escrever

Eu não quero o belo, prefiro todo o charme do feio

Quero mais do que simples arrepios

Eu preciso causar um leve desconforto na boca do estômago de cada um

Um enjôo diferente a cada frase

Quero ver todos vomitarem sobre minhas palavras

Enquanto se lambuzam com o amargo sabor dos meus sentimentos.



v.m.paes

domingo, 5 de abril de 2009

ONTEM

Ontem o pecado bateu em minha porta, atendi com prazer e um pouco de medo, segurou minha mão, olhou dentro dos meus olhos, me pegou de jeito. Ele era lindo, cabelos negros, pele branca, cintura fina e um sorriso enigmático. Não sei de certo, nem de errado... agora o tempo não cabe mais, não há perdão pra quem se apaixona pelo pecado.


v.m.paes



quinta-feira, 2 de abril de 2009

6mg


Escrever de certa forma acalma. Beber muitas vezes, acalma. Chorar alivia, mas não acalma

O problema é se afogar na loucura e descobrir que não sabe nadar

Neurastênica, inconscientemente histérica, vontade frenética de se cortar

Se machuca com suas lágrimas de vidro, por puro prazer

Dorme dentro do armário, se irrita ao dizer que está calma

Se perde ao dizer que sabe onde está

Não sangra mais ao cortar.



v.m.paes