Nas batalhas
travadas sobre a cama
manchando de sangue o lençol
o nosso excitante canibalismo
envolto nas teias
da cadeia alimentar do desejo
onde, carne consome carne
e não se pode distinguir a fome da gula
quem come de quem é a comida
e tudo se faz um, dois corpos
postos num banquete
de pecado à la carte
é quando seu olhar, feito faca,
me corta ao meio
e num movimento natural de defesa
agarro todos seus cabelos
lanço golpes, violentos, contra seu rosto
cravo minha espada em teu âmago
atravessando, ânus, boca e alma
então, me toca
com as unhas, rouba-me a armadura
quebras meu escudo
ergue em tuas mãos meu pênis
logo, o engole
fazendo deste movimento, teu golpe final
lhe toco,
em meus olhos, um brilho de piedade
assim, me abraça com clemência
para, então, cairmos juntos
ambos, heróis daquela guerra
condecorados
com o gozo, mútuo, da nossa vitória
5 comentários:
Maravilhoso, Paes. Um poema altamente erótico e sensual e com as palavras fortes e precisas. Um gozo de verdade. Adorei. beijo.
Obrigada pela sugestão ;)
Que você é um poeta dos bons já estou cansada de saber, mas é que as vezes me surpreende, me assusta...
Levito com tanta junção de sentimentos puros e enaltecidos.
És um dos melhores porque consegue colocar em palavras um pouco de toda aquela coisa infinita que sentimos nos nossos mais íntimos e extremos momentos.
Nos mais puros e intensos dias.
Travamos guerras com toda classe fria pra gritarmos nosso amor.
Nosso orgasmo pelas coisas
Nossas coisas e nosso imenso desejo de vida
E nosso orgulho desse amor
Assim como no dia em que casamos no mar.
Assim como todos os dias em que casamos.
Eu te amo, meu poeta.
gostei.
os perigos de fazer qualquer coisa na cama...
ou, como diria meu velho Cisneros: é difícil fazer amor mas se aprende.
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