sábado, 11 de julho de 2009

Aquele velho relógio de bolso

Fazia anos que não saía do meu corpo
Nem me lembrava da sensação
O palhaço que dançava nu no meu telhado ainda estava lá
Sem explicação resolvi tirar toda minha roupa também
e pular naquele jardim de cacos de vidro
das minhas veias jorrava um sangue pisado, que nunca correu
as flores dormiam num coma profundo
e eu acordava brigando com o senhor do tempo
atirei cinco pedras no relógio-matriz
e o tempo então começou correr em velocidade dobrada
eu tracei no chão uma linha reta, corri em círculos
pus meu corpo ao avesso
me fiz contrário
só pra acertar meus ponteiros no seu horário.



(sendo assim o silêncio também é barulho)

5 comentários:

Adriana Godoy disse...

Genial...não sei por que me lembrou Benjamim Button.
"me fiz contrário
só pra acertar meus ponteiros no seu horário." adorei isso. Beijo.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

s/c...
ae "irmano" tu faz falta aqui hem
abraçoo

Anita Mendes disse...

"eu tracei no chão uma linha reta, corri em círculos
pus meu corpo ao avesso
me fiz contrário
só pra acertar meus ponteiros no seu horário."

paes, o tempo ... ahhhh se pudessemos domina-lo :talvez a vida não faria sentido .
mas creio que o melhor de tudo mesmo é "bater com a cabeca na parede".

o gostoso mesmo é provocar o Senhor do tempo atirando-lhe pedrinhas ...provando pra ele que quem manda nesse neg-ócio de tempo aqui somos nós.(rs)
lindo isso aqui, de vero!
beijos pra ti,
Anita Mendes

Nátalin Guvea disse...

O sangue pisado dá lugar ao frenesi dos glóbulos.
Na dança dos vermelhos e brancos escorrendo pelos cacos de vidro, a dor absoluta é dissolvida na beleza das cores.
O palhaço não se vai tão cedo amor, mas cedo e tarde, minutos e segundos são coisas criadas, o tempo é nosso, e fizemos tanto que este está alinhado.
Guardo o relógio que me deu em todos meus bolsos que encontro.