sexta-feira, 16 de abril de 2010

O PAI DA EXPERIÊNCIA


Incompreendido, marginalizado, esquecido, gênio! Essas são palavras que definem bem o ser andrógeno que é Tom Zé. O baiano de Irará começou sua carreira nos lisérgicos anos 60, começou o movimento tropicalista ao lado de Gil e Caetano ou, melhor, fundou a tropicália, barco que Gil e Caetano embarcaram, tomaram o timão sorrateiramente e, logo em seguida, abandonaram.  



Tom Zé é figura única e notável, sem dúvida um dos maiores gênios da música mundial, infelizmente deixado de lado pela “juventude-mod-non sense” que anda muito preocupada se procurando nas etiquetas e no vazio do próprio existir. Tom Zé é clássico e ao mesmo tempo vanguardista, o que faz com que os mais antigos o estranhem e, até mesmo, o desprezem. Pra mim, Tom Zé, é o maior exemplo de como a maioria dos brasileiros não conseguem apreciar nada do que é feito aqui, afinal, vivem sonhando o chamado “American Dream”.



Ontem, no momento em que quase adormecia rente a tevê, escuto o gordo sem graça, Jô Soares, anunciar a presença de Tom em seu programa, me remexo na cama para espantar o sono e ficar no aguardo da entrevista, enquanto o enfadonho Jornal da Globo  passa na tela; e, amigos, preciso dizer-lhes o quanto valeu a pena.                                                                             



O que se passava na tela era um espetáculo, Tom Zé, no auge de sua genialidade, dominava o palco, rolava pelo chão, regia sua banda e assustava a maioria dos presentes.  Tom Zé explicava para confundir e confundia para esclarecer, se divertia diante da ignorância daqueles que não podiam entende-lo. Tom Zé confundiu até mesmo o apresentador do talk-show, o Jô estava com medo de falar, confuso, assustado, com a cuca fundida... do jeito que Tom Zé gosta de fazer. O fato é que Tom Zé não precisa de um entrevistador, Tom Zé, se preferir não precisa nem falar, Tom Zé não precisa de muita letra, nem de muito acorde, Tom Zé precisa apenas ficar em silêncio por alguns segundos que uma idéia nova e completamente original brota naquela, brilhante, cabeça que ainda está anos e anos e anos a frente de todas as outras que habitam esse humilde planeta.



Enquanto a entrevista, ou melhor a palestra que Tom ministrava, desenrolava-se na tela, o antológico ‘Estudando o Samba’, rolava na minha cabeça-vitrola e eu... sorria e sorria e sorria. No final da entrevista ele disse que se um dia fosse publicar algum de seus textos iria editá-los fora do país, pois aqui no Brasil “ninguém leva a sério o que Tom Zé diz”. Tom Zé ou ‘the father of experience’ como o chamam no exterior, deveria ficar feliz de não ser levado a sério e marginalizado pela massa que compõe nosso país, isso só mostra que o seu trabalho é genial. Afinal, ultimamente o que agrada a muitos não merece muita atenção dos poucos que ainda conseguem pensar com autonomia nesse país.


"O silêncio é o pai da idéia" - Tom Zé


Em tempo: Tom Zé acaba de lançar o disco/DVD: O Pirulito da Ciência, produzido por Charles Gavin e lançado pela Biscoito Fino.

 Um das melhores aparições do gênio, é... no programa do Jô


créditos: Imagem: Google
vídeo: Youtube

4 comentários:

Anita Mendes disse...

Tom Ze e o nosso genio da musica Brasileira!
beijos

Adriana Godoy disse...

Bravo, Paes, assino embaixo. Esse cara é demais...Ótimo texto o seu e o vídeo, impagável. beijo.

Nátalin Guvea disse...

Ele realmente ministrou essa entrevista
Coitado do Jô.

Te amo, meu branquelo.

Zeca disse...

Tom Zé é o Salvador Dali da nossa música!

Tem até alguma semelhança com o gênio do surrealismo: as sobrancelhas ligeiramente arqueadas e aquele olhar vago, de louco varrido!

E tanto as melodias como as letras de suas músicas, são testemunhas desse seu surrealismo... musical!