sábado, 24 de janeiro de 2009

PÓSTUMO


v.m.paes

Venho por meio deste anunciar minha morte. Não finjam estarem surpresos, todos sabíamos que mais cedo ou mais tarde isso iria acabar acontecendo. Não sei como foi, quando eu vi já tinha ido, de tanto querer ficar acabei que fui. Não finjam que estão se sentindo mal, vocês nem se importam, fazem parecer que se importam pra eliminar alguma sensação de culpa, também não me importo de não se importarem.

Doeu? Sim, muito. Mas digo foi a dor mais prazerosa que eu já senti, liberdade. Venho por meio deste lhes dizer que não há nada além desta vida, que pessoas nunca mudam, que não há céu nem inferno, que após a morte não resta nada além de uma solitária escuridão até outra vida chegar, espero que demore, preciso descansar. Ao menos deste lado não há mais dor, afinal o coração já não bate mais, nada pra sangrar. Venho lhes dizer que tudo o quê fizerem e conquistarem nesta vida, mérito, dinheiro, fama, nada tem importância, tudo acaba por se transformar em um infinito escuro, um nada, uma deliciosa forma de fingir que existe uma oposição ao tudo.


4 comentários:

Adriana Godoy disse...

Meio fúnebre esse texto, porém, interessante. Espero que seja só seu "eu lírico" que tenha se manifestado. Obrigada pela visita. Abraço.

Anônimo disse...

existe alívio nessa coisa toda?

Unknown disse...

como assim alguém morreu no seu texto? vc some da net e vem com isso ae? haha mas sérião, de longe seu melhor texto...minha humilde opinião...
posso mandar um desabafo? to com medo de sentir falta dos meus amigos...apesar de estar tudo certo cmg, tá batendo um arrependimento por, talvez, não ter me esforçado o suficiente pra estar presente...sabe?! posso fazer amigos, mas não se substitui um pelo outro, e eu to um tanto preocupada com essa distancia...

Vinícius Paes disse...

Um alívio póstumo. rá.