terça-feira, 11 de agosto de 2009

Daqueles dias em que se acorda morto
Sabe?
Qualquer movimento brusco os tendões estouram
Cada passo dá a impressão de que o chão vai abrir
Dentro da cabeça uma tonelada de pensamentos, todos se chocando, deixa no ouvido um zunido estonteante

Daqueles dias em que tem medo do próprio reflexo
Sabe?
Nojo do próprio cheiro
E quando começa a esquecer quem é, alguém te chama pelo nome, um nome disforme que não faz referência alguma, o nome do homem que você odeia ser


Daqueles dias de morte, e da notícia de que mais cedo ou mais tarde ela chega
Sabe?
(justo no momento em que mais ama, que mais quer viver)
Quando os goles descem pela garganta feito navalhas
(números, números, números)
As pessoas só falam em vendas, as crianças ainda morrem de fome
e você procura curar o mundo inteiro, até descobrir que é o maior doente
(assume a culpa, como dever)
Quando quer falar, quer dividir, o cérebro apenas soma tudo e um dos lados faz você ficar em silêncio, e assumir a culpa do silêncio também
(seria bom ter um deus pra culpar agora)

Daqueles dias em que o nada comprimido em seu peito, se alimenta de amor, e busca forças pra pulsar por mais algum tempo.

4 comentários:

Isabela Pizani disse...

Naqueles dias em que a gente transpira as angustias da alma, eu me sinto um lixo. Não por me angustiar, mas é que toda angustia me trás conciência de toda medíocridade da minha existência. Me lembro que é necessário fazer muito mais do que falar. Não ser mais de mim, dar mais de mim, pra que haja mais amor. - diz certa canção.


Um Beijo!

Adriana Godoy disse...

Paes, um poema confesional desses mexe xom a alma, o corpo e a mente. Quantas vezes a gente se dá conta de que está assim? Gostei dessa forma poética de dizer as amarguras profundas de nós no mundo. Uma visão recheada de indagações e certezas. Belo, Paes, mui belo. Beijão.

Adriana Godoy disse...

confessional, com

Anita Mendes disse...

então deixa o dia pulsar,paes... até sangrar, até secar e ver no que vai dar.
beijos pra ti,
Anita.